Preços internos do trigo despencam 15% em relação ao ano passado com avanço da colheita, dólar em queda e oferta sulamericana

Publicado em 26/10/2016 11:23
Intervenção do governo com Pepro e AGF , além de maior demanda do setor de ração podem impedir quedas mais significativas nos preços

Os preços internos do trigo estão bastante retraídos neste ano pressionados pela cotação em baixa no mercado internacional, desvalorização do dólar e maior oferta no hemisfério sul.

No Rio Grande do Sul os preços variam entre R$ 580 a R$ 600 a tonelada, correspondendo à queda de 15% na comparação anual. No Paraná o recuo no período foi de 12%, com trigo cotado entre R$ 640 a R$ 650/t.

Com a colheita avançando em ambos os estados e a expectativa de que a safra brasileira totalize 6 milhões de toneladas, o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento, afirma ser imprescindível a aplicação de políticas de preço mínimo que atualmente está em R$ 644 a tonelada.

O Governo estuda a possibilidade de realização de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e Aquisições do Governo Federal (AGF).

No Pepro e no PEP, o governo subsidia a diferença de preço entre o valor de mercado do trigo e o mínimo de garantia ou arca com parte do custo do transporte para retirar o cereal da região produtora até centros consumidores. No AGF o produto é adquirido pelo governo diretamente do produtor para ser guardado nos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento e ser usado futuramente para atender necessidades de consumo.

Segundo Bento ainda não é possível afirmar qual será a estratégia adotada pelo governo, mas "possivelmente a intervenção será através de mecanismos que retirem excesso de produção das regiões produtores, destinando ao norte e nordeste, assim como no mercado internacional."

"Também é importante destacar que o preço o milho ainda continua muito alto em relação ao trigo, fazendo com que parte da oferta de trigo seja destinada a indústria de ração", acrescenta o analista. No Rio Grande do Sul, a expectativa é de que pelo menos 15% da oferta seja destinado à engorda de animais.

De modo geral Bento diz acreditar que o cenário para esse ano é de preços mais baixos que na temporada passada, "porém o patamar dos R$ 600/t deve ser o mínimo observado para esse ano, dependendo é claro, do comportamento cambial."

Mercado internacional

No mercado internacional as cotações futuras do trigo na Bolsa de Chicago buscam uma recuperação. Após a pressão o ingresso de safra do hemisfério norte entre junho e agosto, o mercado tenta se consolidar em patamares mais elevados.

Conforme explica Bento, "as cotações ultrapassaram os US$ 4,20/bu, mas não tem sustentação de fundamentos para segurar esses patamares", devido a estoques internacionais que são os maiores da história.

Para Bento a principal pressão de queda já acabou, porém, o cenário no mercado internacional ainda é de pressão.

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Por: Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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