Com avanço da colheita, trigo no Paraná despenca e preços ficam abaixo do mínimo estipulado pelo governo
No estado do Paraná, a colheita do trigo evolui com boa qualidade, com cerca de 50% do trigo já colhido. No entanto, os produtores encontram dificuldade nos preços praticados no mercado, como explica Flávio Turra, gerente técnico da Ocepar.
Os preços estão abaixo do mínimo e são equivalentes aos mesmos níveis de outubro de 2015. No entanto, entre outubro de 2015 e julho de 2016, houve um aumento de 25% dos preços, situação que, agora, se inverteu e retornou à estaca zero. Atualmente, os produtores estão recebendo R$36 a saca para o trigo classe pão, sendo que o preço, se continuasse nos patamares anteriores, deveria ser de cerca de R$38,65 a saca.
Este fator é principalmente influenciado por uma safra mundial cheia, em especial no Mercosul, onde a Argentina produziu um volume de 10 milhões de toneladas que podem ser exportadas. A safra do Paraná, por sua vez, deve fechar em torno de 3 milhões e 100 mil toneladas, o que representa metade da safra brasileira.
A indústria também se encontra retraída, aguardando que o próprio produtor e a cooperativa armazenem os produtos para comprar mais adiante e, desta forma, evitando comprometer o capital de giro próprio.
A solução para os triticultores, portanto, deve ser o Pepro. O Ministério da Agricultura, no momento, está se articulando para autorizar os leilões e a expectativa é que o governo disponibilize esses recursos em torno de 15 dias.
De acordo com Turra, o Pepro deve ser utilizado para facilitar a comercialização do trigo do Sul do país para as regiões Norte e Nordeste. “Com esse apoio, poderemos ter uma equiparação dos preços atuais para nível de preço mínimo”, explica. Pelo menos 10% da produção deve ser vendida com o Pepro.
O produtor interessado no Pepro deve procurar a sua cooperativa para encaminhar sua participação nos leilões. Quem não conseguir se beneficiar com o Pepro, deve aguardar a retomada de preços.
Com essa retomada, o trigo do Paraguai deve ser o principal concorrente. Cerca de 600 mil toneladas devem ser exportadas, com preços girando em torno de R$39 reais a saca, um pouco acima do preços mínimo praticado no Brasil.
Ainda há a possibilidade, caso os preços do milho continuem elevados, de destinar o trigo também para a indústria de rações, medida que beneficiaria, em principal, o trigo gaúcho.