Crise do Feijão: Pela primeira vez na história, falta produto no Brasil e preços explodem

Publicado em 22/06/2016 11:08
O desbastecimento histórico de feijão nos supermercados do País, provocado pela falta das variedades carioca e preto (este sendo importado da China) pode ser compensado pelo consumo (e produção) de novas variedades. Acompanhe a entrevista com Marcelo Lüders, do IBRAFE

Pela primeira vez na história o Brasil está sem feijão. As imagens acima ilustram, primeiro, a arrumação das prateleiras de um supermercado em Umuarama, no Paraná, por volta de 21h30 da segunda-feira (20), que fechou às 22h. Na sequência, o espaço vazio na manhã - por volta de 9h30 - da terça-feira (21). As informações e fotos são um relato do analista de mercado da Correpar, Marcelo Lüders, e que deixam clara o atual momento deste setor. 

Segundo o especialista, há uma ruptura em todos os elos da cadeia de comercialização do feijão neste momento, seja da variedade que for. Os poucos estoques foram se esgotando, os estoques dos supermercados também e a demanda - principalmente diante da enxurrada de informações que recai sobre os  consumidores - é intensa e crescente. 

"Cerca de 50% das lojas de supermercado no Brasil estão desabastecidas de feijão", diz, Lüders. "O Brasil tem, pela primeira vez na sua história, a falta de um item básico de sua alimentação. E por isso, quando há oferta, o consumidor quer estocar com medo da falta e de preços mais altos", completa. Na imagem é possível ver que as compras estavam limitadas, tanto do preto quanto do carioca, a apenas 4 pacotes por cliente. 

Brasil decide liberar importação de feijão para ajudar no combate à inflação

BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal anunciou nesta quarta-feira que vai isentar de taxas a importação de feijão produzido na China e no México, como parte de medidas para diminuir o preço do alimento, cuja alta recente vem impactando fortemente a inflação.

Esses países, assim como nações integrantes do Mercosul, cujas importações já são isentas de taxas, teriam condições de ajudar o Brasil a lidar com uma escassez decorrente de quebra de safra por problemas climáticos, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

Segundo ele, o governo encaminhará nesta semana pedido à Câmara de Comércio Exterior (Camex) para a isenção da tarifa para importações de México e China.

O ministro disse ainda que o anúncio da medida deverá ajudar a amenizar a alta de preços, uma vez que os agentes do setor vão trabalhar com a expectativa de um aumento da oferta.

Ele afirmou ainda que espera que em no máximo 90 dias o abastecimento do feijão no mercado interno deva estar restabelecido.

O ministro disse também que outra medida que está sendo tomada é a negociação, com grandes redes de supermercados, para que busquem o produto onde há maior oferta.

O preço do feijão-carioca seguiu mostrando força em junho, segundo o IPCA-15, com alta de 16,38 por cento sobre o mês anterior, brecando desaceleração mais intensa de alimentos e bebidas, que subiram 0,35 por cento neste mês, sobre 1,03 por cento em maio.

No acumulado em 12 meses até maio, os preços do feijão-carioca já haviam subido quase 42 por cento.

O clima adverso no país tem provocado repiques na inflação de alimentos, afetando também produtos como soja e milho. O movimento ameaça o início do afrouxamento da taxa básica de juros pelo Banco Central, que vem reafirmando que só cortará a Selic --em 14,25 por cento ao ano desde julho passado-- quando enxergar arrefecimento suficiente na alta de preços domésticos.

(Por Marcela Ayres e Lisandra Paraguassu; Reportagem adicional de Roberto Samora, em São Paulo)

Tags:

Por: Carla Mendes e João Batista Olivi
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Brasil prevê apoiar produção de 1 mi t de arroz com contratos de opções, diz ministro
Preocupação com gripe aviária leva EUA a conceder US$ 176 milhões à Moderna para desenvolvimento de vacina
Fávaro diz em entrevista que leilão para importar arroz não é mais necessário
Comissão ouve ministro Paulo Pimenta sobre importação de arroz
Cerealistas defendem manutenção da isonomia tributária