Primeiros lotes da terceira safra de feijão carioca chegam ao mercado mas compradores se retraem para evitar alta nos preços
Com o início da colheita de terceira safra de feijão carioca, os primeiro lotes já começam a chegar ao mercado, mas o volume ainda é baixo para provocar quedas expressivas nas cotações.
Ao longo dos cinco primeiros meses de 2016 a oferta restrita ditou o mercado. Em alguns período a cotação superou os R$ 300,00/sc no atacado e R$ 20,00/kg no varejo.
Segundo o analista da Correpar, Marcelo Lüders, a disponibilidade de início de colheita "não tem sido suficiente para abastecer a demanda e trazer o mercado para baixo". Além disso, avesso ao risco de possíveis recuos nas cotações quando os trabalhos de campo ganhar ritmo, os compradores também estão retraídos das compras.
"Esse ‘medo’ pode levar uma retração grande nos preços, mesmo que o volume de feijão seja pequeno", explica Lüders.
Refletindo também a retração da ponta compradora, os agricultores elevaram a intenção de venda "com receio de que os preços possam cair ainda mais", acrescenta o analista. Em algumas regiões já é possível ver baixas de até R$ 20,00 nas cotações.
Apesar de amenizar as perdas do setor produtivo, a alta do feijão para o consumidor final poderá provocar uma migração de consumo para outras variedades. O feijão preto, por exemplo, aumentou o consumo em 30% neste ano.
"Esse cenário é péssimo para a população e para os produtores que não estão ganhando dinheiro com isso", destaca o analista.
Nos próximos meses deve chegar ao Brasil importações de feijão preto da Argentina e China, mas ainda assim, o volume não é capaz para atender a demanda até o final do ano.
Segundo Lüders o abastecimento do país necessita de 40 mil toneladas mês, "não disponível em nenhum lugar do mundo, por isso que o preto também terá seu momento de alta".
Desde o início do ano, os preços do feijão preto ao produtor saíram de R$ 130,0 para R$ 230,00 a saca. Lüders defende que os produtores brasileiros devem diversificar as variedades para continuar atendendo à demanda interna e também exportar quando houver excesso na oferta, reduzindo também a dependência do carioca.