Exportações brasileiras de arroz estimuladas pela alta do dólar e elevação do preço internacional ajudam na reação das cotações internas
O escoamento da produção por meio das vendas externas tem colaborado para elevar os preços do arroz no mercado interno.
A evolução do dólar sobre o real brasileiro vem ajudando o Brasil a vender arroz. Em setembro as exportações de arroz em casca totalizaram 133 mil toneladas, 178% superior que os embarques em 2014, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
No ano, o Brasil já exportou 733 mil toneladas do cereal, ou 104,7 mil toneladas por mês, de média, volume similar ao alcançado em 2014/15. Mantida esta média, poderá alcançar 1,25 milhão de toneladas na temporada, superando 1,19 alcançados no ano passado.
Segundo o economista da Farsul (Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul), Antônio da Luz, além do dólar um dos fatores que também impulsionam as vendas externa é a falta de oferta no mercado internacional. Luz afirma que pelo terceiro ano consecutivo o mundo produz menor arroz do que é consumido e, reduzindo os estoques mundiais.
"Nós temos a combinação de dois fatores: o preço internacional subindo, e nossa taxa de cambio também subindo, ou seja, o preço elevado e o nosso produto chegando mais barato no mercado internacional", explica Luz.
Um terceiro fator que está ajudando na elevação das exportações brasileiras é a busca de novos mercados para o arroz nacional, por meio de entidade como Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul), Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz) e a Farsul. "É uma serie de fatores que combinados contribuíram muito para esse salto das exportações", ressalta o economista.
Com esse cenário, os preços do arroz retomaram as altas no segundo semestre do ano e o indicador Cepea/Esalq já opera a R$ 40,52 a saca de 50kg, mas com registro de negócios no mercado gaúcho acima dos R$ 42,00/sc. Além disso, de acordo com Luz, nos meses de setembro e outubro as cotações estão trabalhando acima do valor registrado em 2014.
Ainda assim, é importante ressaltar que no inicio do ano o atraso na liberação do pré-custeio trouxe muitas incertezas para os produtores que acabaram 'inundando' o mercado com oferta o que derrubou os preços no físico. Sendo assim, na média das comercializações os rizicultores estão trabalhando com margens negativas.
Outro fator que onera os produtores de arroz é a alta nos custos de produção que já passam de 22% no estado. "A nossa grande dúvida é que o custo já está posto, mas será que o preço - mesmo em escalada de alta - irá subir o suficiente para cobrir todo o custo, que deve ser em torno de R$ 46,00/sc", alerta o economista.
CUBA
Na próxima semana, o presidente da Farsul, Henrique Dorneles, irá receber o embaixador de Cuba para estreitar os laços comerciais.
O país que é o maior importador de arroz brasileiro poderá retomar relações comerciais com os Estados Unidos e aumentar a competição das vendas externas. O objetivo do encontro é tentar manter os níveis de exportação do Brasil para Cuba, explica Luz.