Na região de Carazinho (RS), tempo seco acelerou o desenvolvimento das lavouras de trigo
As lavouras de trigo na região de Carazinho (RS) tiveram o seu ciclo de desenvolvimento adiantado devido ao tempo seco e as altas temperaturas registradas recentemente. Muitas plantas que deveriam estar em fase de alongamento já estão em estão em estágio de espigamento.
O vice-presidente do Sindicato Rural do município, Paulo Vargas, explica que, o trigo é uma cultura que precisa do frio constantemente. “Até mesmo para controlar as pragas. Esse ano só tivemos uma geada, quando normalmente temos entre 5 a 6 geadas. Nos últimos dias, a temperatura chegou a 32ºC na região. As lavouras inspiram cuidados”, afirma.
Paralelamente, o trigo semeado na época certa sofreu com o excesso de umidade no mês de junho. “Consequentemente, as plantas pararam de crescer e as doenças se instalaram com maior facilidade. O tempo nublado também dificultou o crescimento das lavouras, com isso, temos plantas mais baixas”, ressalta Vargas.
Além disso, os produtores também tiveram dificuldades na aplicação de ureia e nitrogênio das plantações, o que pode refletir na produtividade. O rendimento médio das lavouras da região gira em torno de 50 a 55 sacas do grão por hectare.
Já os preços estão próximos de R$ 32,00 a saca do trigo e, na visão do vice-presidente, não cobre os custos de produção. “É um valor muito baixo, o produtor que faz a sua contabilidade não fecha as contas. A tendência é que haja uma redução na área semeada com o trigo na próxima temporada, que poderá ficar acima da registrada esse ano. O risco é muito alto e muitas vezes não temos retorno financeiro”, diz Vargas.
Safra de verão
Em relação à safra de verão, o vice-presidente sinaliza que haverá uma retração na área destinada ao milho, principalmente por conta dos custos mais altos. A projeção é que os produtores migrem para a cultura da soja.
Por outro lado, com o retardamento da liberação dos recursos do pré-custeio muitos agricultores irão adquirir os insumos agora, com o dólar mais alto, conforme acredita Vargas. “Quem conseguiu comprar em março fez boas aquisições, ainda assim, temos custos mais altos em torno de 20 a 30% em comparação com o ano anterior”, completa.
Em contrapartida, os preços dos contratos futuros para a soja estão entre R$ 65,00 até R$ 70,00. “Mas o produtor não sabe o quanto pode vender de uma safra futura, pois não tem certeza sobre quanto irá colher”, finaliza.