No Uruguai, produtores caminham para o final do plantio do trigo e área semeada deve recuar mais de 40%
Os produtores caminham para a finalização da cultura do trigo no Uruguai. A perspectiva é de uma redução na área cultivada com o grão entre 40% a 50% nesta temporada. O cenário é decorrente, principalmente das quedas na qualidade do cereal observadas nas duas últimas safras.
O engenheiro agrônomo de Montevidéu, João Luís Sandri, destaca que, as lavouras do cereal receberam muita chuva no momento da colheita, o que resultou em uma qualidade inferior, prejudicando o Ph. “Isso acabou pesando na decisão do produtor nesta safra, por isso, temos uma das menores áreas de cultivo do trigo dos últimos anos. Possivelmente, esse será o primeiro ano em que o país irá produzir o suficiente para o seu consumo e teremos uma das menores produções para a exportação”, explica.
Enquanto isso, a geada registrada na semana anterior em algumas localidades do país não representa uma ameaça à cultura. “Até mesmo para os parâmetros do Uruguai, essa geada acontecer mais tarde, pois a partir de maio já temos esse evento climático no país. E, por enquanto, não é um cenário preocupante, pelo contrário, traz benefícios para o trigo semeado e ajuda no controle de plantas daninhas”, ratifica o engenheiro agrônomo.
E, assim como no Brasil, os agricultores enfrentam problemas com o aparecimento de brusone e giberela. “De maneira geral, são doenças que acontecem no espigamento do trigo e ocasiona bastante prejuízo, especialmente em relação à qualidade e produtividade das plantações”, completa Sandri.
Preços
Já os preços estão ao redor de US$ 170,00 a tonelada do trigo na região. Nesse patamar, o engenheiro agrônomo, ressalta que, seria necessária uma produtividade em torno de 3 mil quilos por hectare para cobrir os custos de produção. “Na média, conseguimos alcançar esse rendimento. Contudo, a perspectiva é de uma redução nos investimentos em fertilizantes nas plantações do cereal. Temos pouca expectativa de rentabilidade alta com a cultura esse ano”, diz o engenheiro agrônomo.
Safra 2015/16
Paralelamente, os produtores já se preparam para a próxima safra de soja, que começa a ser cultivada no país a partir do mês de outubro. Até o momento, o cenário é bem parecido com o observado no Brasil, já que os custos de produção estão mais altos e as compras estão atrasadas em comparação com o mesmo período do ano anterior.
“Os produtores têm atrasado a decisão de compras, e adquirem mais sobre o momento de utilização do produto e realizam menos compras antecipadas. A soja caiu mais de 20% em relação a 2014, os preços recuaram de US$ 500,00 a tonelada para US$ 340,00 a tonelada. E, ao contrário do Brasil, onde o câmbio amenizou a queda, temos um reflexo direto nas cotações. Na soja, as margens ficaram mais ajustadas na última safra”, acredita Sandri.
O quadro também poderá refletir nos investimentos na próxima temporada, principalmente na utilização de fertilizantes. “São vários cortes que temos percebido, realmente deveremos ter o manejo de pragas e doenças muito mais em monitoramento do que em aplicações preventivas. Gastar somente o necessário, não cortando o investimento em coisas que possam impactar o rendimento das lavouras”, relata o engenheiro agrônomo.
Por outro lado, as vendas da soja da safra passada estão um pouco mais lentas no país. Mais da metade da temporada anterior ainda precisa ser negociada. “Os produtores estão comercializando em mais operações e menor quantidade, vendendo para cobrir os custos de produção do trigo ou da próxima temporada. Os agricultores ainda esperam uma subida nos preços, que até agora não tem se confirmado”, finaliza Sandri.
Veja fotos enviadas pelo engenheiro agrônomo: