Soja: Preços da safra novo acima dos R$ 70,00 nos portos cria oportunidades de venda para o produtor brasileiro, diz analista
Nesta quarta-feira (10) o mercado da soja abriu operando de lado na expectativa da divulgação do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O excesso de chuvas no Meio-Oeste americano, deu sustentação às altas da Bolsa de Chicago no início desta semana, onde a cotação da soja conseguiu rompeu o patamar dos R$ 9,50/bushel.
O relatório de junho que será divulgado as 13h00 desta quarta-feira, não deve trazer grandes novidades para o mercado, é o que considera o analista Camilo Motter. "O governo americano deve cortar um pouco dos estoques - em razão das exportações e esmagamento", mas a estimativa de produção para a próxima temporada deve se manter no mesmo patamar do último relatório.
Com isso, os preços em Chicago irão refletir a evolução do clima nos Estados Unidos. Segundo Motter, nos próximos dias as precipitações devem se generalizar por todo o Meio-Oeste americano, com chuvas moderadas por vários dias em quase todas as regiões produtoras do país.
Mesmo com as altas registradas nos últimos dias, um fator que tem influenciado na comercialização, em especial da safra nova, é a variação do câmbio. "Houve sessões onde o dólar forte contra as principais moedas - sobretudo de países importadores - acabou prejudicando os negócios, em outras sessões o dólar mais fraco favoreceu os negócios", explica Motter.
No mercado interno, esse fenômeno também ocorre de forma inversa. A desvalorização do dólar, que favorece as cotações em Chicago, prejudica a composição dos preços no mercado físico. Essa volatilidade do câmbio, que até o momento é positiva para os produtores brasileiros na formação dos preços em reais, também dá suporte para as cotações da safra 2015/16 do Brasil.
Portanto, esse cenário se configura como um momento positivo para os produtores travarem algumas vendas com a próxima safra, considera Motter. "Obviamente que vamos viver um mercado interno muito volátil, não esperamos grande volatilidade lá fora em razão da boa perspectiva da safra americana, mas se espera uma grande volatilidade nos preços em reais em razão da variação do câmbio", afirma o analista.
Além disso, Motter alerta que é preciso considerar que uma possível estabilidade econômica no Brasil no segundo semestre, pode derrubar o dólar e consequentemente a composição dos preços em reais ficaria menos remuneradora.