Grãos: Semana começa com foco na nova safra dos EUA e na safrinha de milho no Brasil; dólar no foco do mercado interno
A semana início em queda nos principais vencimentos para soja e milho na Bolsa de Chicago. Após tentativa de recuperação na última sexta-feira (29), as cotações de soja abriram nesta segunda-feira (01) perdendo 6,5 pontos no vencimento junho/15.
Para Mársio Ribeiro, analista da Cerrado Corretora o mercado da oleaginosa está refletindo as expectativas de boa safra norte-americana, a qual o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz novo boletim de acompanhamento de safras, na tarde desta segunda-feira (01).
"Nós já temos 61% da safra plantada, contra 55% da média histórica. Isso tem feito com que haja uma pressão nos preços, analisando os gráficos percebemos que de janeiro a junho deste ano, os preços na Bolsa de Chicago já caíram em torno de 13%, saindo do patamar dos US$ 10 para US$ 9 por bushel", explica Ribeiro.
As previsões climáticas apontam clima favorável para consolidação na nova temporada norte-americana, com isso não há expectativa de altas significativas em Chicago. "Mesmo porque, já percebemos uma tendência de deslocamento dos compradores para a safra sul-americana, tanto Brasil, quanto Argentina, isso deve fazer com que os preços permaneçam em baixa no mercado americano", completa o analista.
No entanto, Ribeiro considera que o mercado trabalhe no patamar dos US$ 9/bushel sem grandes quedas no curto prazo e uma permanência de R$ 65,00 a R$ 68,00 a saca no Porto de Paranaguá, para o produto disponível. Já no caso das vendas futuras, Paranaguá trabalha na casa dos R$ 70,00/sc, portanto o analista alerta que os produtores devem aproveitar esses níveis de preço e comercializar antecipadamente de 30% a 40% da produção.
"A expectativa dos estoques de passagem a nível mundial continuam com tendência de alta. Tivemos na safra 2013/14 um estoque de passagem de 63 milhões de toneladas, na safra 2014/15 isso já subiu para 85% e a estimativa do USDA é que isso mude na safra 2015/16 para algo próximo de 100 milhões toneladas. Então com a elevação dos estoques de passagem podemos ter um risco que na próxima safra tenhamos recuo de preço", afirma Ribeiro.
Milho
Além das expectativas de grande produtividade na safra 2015/16 dos Estados Unidos, outra variável importante que influenciado nas cotações do milho é o bom desenvolvimento da segunda safra no Brasil.
Os analistas estimam que a safrinha pode chegar ficar acima das 50 milhões de toneladas, "o que traria um risco de depreciação dos preços no segundo semestre", afirma Ribeiro.
Segundo dados do Cepea, algumas praças de Mato Grosso já trabalham com valores abaixo do preço mínimo de R$ 13,56 a saca. Para Ribeiro os produtores devem realizar vendas escalonadas, apenas para cobrir seus custos, e retomar ao mercado somente no final do segundo semestre.