Leite sobe pelo sétimo mês seguido, mas só com redução de custos é que as margens de produtores devem melhorar a partir de julho
O preço do leite pago ao produtor atingiu, em junho, a maior alta mensal dos últimos cinco anos, segundo levantamento da Scot Consultoria.
A valorização foi 4,4% referente à produção entregue em maio, com o produtor recebendo na média nacional R$1,108 por litro. Na comparação com o igual período de 2015 o avanço é de 16,6%, em valores nominais.
Neste período a redução na capitação costuma elevar os preços, mas em 2016 alguns agravantes acentuaram as altas que ocorrem desde o início do ano. Conforme explica o zootecnista, Rafael Ribeiro, da Scot a elevação nos custos de produção e as condições climáticas adversas prejudicaram a produção.
Segundo ele, os custos na comparação anual estão 30% maiores, gerando uma queda de 2,6% na produção deste mês em relação ao mesmo período de 2015.
Para Ribeiro, "a menor capitação tende a continuar dando firmeza aos preços do leite no curto e médio prazo".
No pagamento de julho, referente à produção em junho, 80% dos laticínios pesquisados também acreditam em alta dos preços ao produtor e outros 20% esperam manutenção.
E mesmo com a sétima alta consecutiva, os atuais patamares ainda deixam margens apertadas para o produtor. "Em produções de alta tecnologia a rentabilidade chega a 3,6%, já os produtores menos tecnificados está com prejuízo de 3% a 4% na atividade neste ano", alerta Ribeiro.
Segundo ele, o fator positivo é que as projeções começam a indicar uma arrefecimento dos custos com a queda de alguns insumos importantes como o milho e farelo de soja.
Dessa forma, "se os preços do leite ao produtor continuarem subindo teremos, após treze meses de alta, um alívio no custo", diz Ribeiro.
Refletindo as altas, o preços dos lácteos no atacado subiram 4,4% na segunda quinzena de junho, segundo levantamento da Scot.
O leite longa vida teve alta de 8,1% e ficou cotado, em média, em R$3,33 o litro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o preço atual está 45,3% maior.
Cabe destacar que o cenário do lado demanda ainda é de cautela em todo o país.