Entre os destaques desta quarta, depoimentos na CPI da Petrobras e as negociações dos caminhoneiros e governo federal

Publicado em 11/03/2015 09:40
Telmo Heinen comenta a evolução da Operação Lava-Jato e os depoimentos das delações premiadas na CPI da Petrobras, as reivindicações dos caminhoneiros e as negociações com o governo federal e o últimos números trazidos pelo USDA e Conab para os grãos. Destaques desta quarta-feira (11).

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco confirmou as partes mais contundentes dos depoimentos prestados à Polícia Federal após firmar um acordo de delação premiada em meio às investigações da Operação Lava Jato. Barusco reafirmou o fato de ter começado a receber propina em 1997, ainda sob o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e a estimativa de que o PT recebeu de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões entre 2003 e 2013. Ele não forneceu detalhes sobre o primeiro fato nem provas sobre o segundo.

"Eu achava que ele tinha um pouco de prova sobre isso, mas ele está se baseando em uma suposição, porque se a comissão para ele e o PT era de 2%, e ele recebeu os 0,5%, está partindo da suposição que os outros 1,5% também foram pago. Eu só estranho que os promotores que acolheram o depoimento dele - como delação premiada - tenham acreditado nos fatos sem exigir maiores comprovações", questiona Telmo Heinen, consultor em comercialização.

Para ele, a medida que os depoimentos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras for acontecendo nos próximos dias, as denuncias podem impactar negativamente neste cenário já instável da política brasileira, haja vista que "nossa economia depende de aporte de recurso e investidores do estrangeiros, então esses fatos acabam diminuindo a credibilidade de país, e demorando para tomar decisões de investimento. Inclusive o orçamento para 2015 ainda não foi aprovado, há problemas na saúde, educação, isso tudo nada mais é do que um atraso", explica Heinen.

E para agravar o panorama político do país, o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, causou polêmica depois de participar de um programa em cadeia de rádio e televisão na Venezuela ao lado do presidente Nicolás Maduro, onde falou mal dos opositores do governo venezuelano e confirmou que haverá manifestação a favor do governo de Dilma, convocando toda a esquerda para lutar contra as "forças de direita". A convocação do MST para a manifestação na próxima sexta-feira (13/03) é uma antecipação aos protestos contra o governo marcados para domingo (15).

"Eles não tem a menor vergonha de esconder isso dos brasileiros, pelo contrário, são os primeiros a divulgar para meter medo aqui. E tem esse marcha em andamento de 20 mil membros do MST, eles sabem que muita vezes estão equivocados, mas o próprio Stédile fala que tem que fazer barulho. E é claro que os brasileiros não são contra a Petrobrás, mas ele alegam que a elite branca quer vender o pré-sal e arrumam desculpas para se manifestar", declara com indignação Telmo Heinen.

Para ele, todas essas situações prejudicam significativamente o país, e impedem que medidas necessárias sejam aprovadas, como as políticas econômicas. Além disso, "no próximo mês devemos ver os levantamento da produção industrial - de quanto será a queda -  nesta quinta-feira (12) terá a votação sobre a redução do imposto de renda e, o Caiado disse que vai se esforçar para que isso não seja aprovado, no entanto o PMDB participou da negociação e tudo indica que será aprovado com escalonamento", declara.

 

Greve dos Caminhoneiros

Uma semana após o fim dos protestos que paralisaram as estradas em todo o país, os caminhoneiros voltaram a se reunir com o governo federal e empresários do setor, nesta terça-feira (10), na sede da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), em Brasília. No encontro ficou definido que um grupo de trabalho formado por representantes do setor de transporte e caminhoneiros deverá apresentar em 26 de março ao governo federal uma proposta para a tabela de referência do frete, afirmou nesta terça-feira (10) o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues.

Para o consultor, "o tabelamento não é uma solução, pois o ramo de transporte é um seguimento da iniciativa privada, e os participantes desse ramo - quando muito - necessitam da ajuda de uma regulamentação para eles mesmos se organizarem e estabelecerem o custo dos seus serviços" considera.
Além disso, "foram nomeadas 3 comissões para fazer um anteprojeto dos regulamento, porque a lei entra em vigor em 45 dias, e o decreto da lei precisa ser publicado", explica Heinen.

Segundo ele, mesmo que a redução no preço do óleo diesel não aconteça os caminhoneiros não devem retomar as paralisações, por conta das outras reivindicações que podem ser conquistadas e a necessidade do setor produtivo em continuar trabalhando.

 

Levantamento do USDA e Conab

O levantamento do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em seu novo boletim mensal de oferta e demanda sobre a safra brasileira, divulgado na terça-feira (11), não trouxe mudanças para os números da soja de uma forma geral. Os estoques finais do país foram mantidos em 10,48 milhões de toneladas, e a produção brasileira em 94,5t.

Para a Conab, a produção de grãos no Brasil na safra 2014/2015 está estimada em 198,5 milhões de toneladas, 2,6% ou 4,98 milhões de toneladas a mais do que a última safra, quando foram colhidas 193,5 milhões. Em relação ao levantamento do mês passado, houve uma correção de menos 0,8%.
No entanto, Telmo considera que os dados apresentados pela Conab representem melhor a realidade da safra brasileira, pois o "USDA incorporou os dados da Conab do início de fevereiro e, os números atuais da Conab serão incorporados do dia 10 de abril", explicou.

Segundo ele o mercado faz analise de dois tipos de perda: uma considerando perda como a redução em comparação a safra anterior, para outros a perda é calculada levando em consideração o potencial produtivo da colheita. Dessa forma, esses dois aspectos são os causadores de divergências na divulgação de estatísticas.

As estimativas, principalmente de consultorisas privadas, ficam em torno de 91 a 93 milhões de toneladas de soja para a safra 2014/2015, e essas diferenças de produção causam impactos e volatilidade nos preços.

Apesar dessa volatividade e preços ainda abaixo dos U$ 10 em Chicago, no Brasil a soja lenta mantem atamares próximos dos R$ 70,00 por saca. Ainda sim, para Heinen, não temos um mercado interno totalmente descolado dos negócios internacionais.

Por: Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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