Na região de Guaranésia/MG, cafeicultores vêm safra irregular e preços bem abaixo dos custos de produção
A safra de café na região de Guaranésia (MG), deve ficar comprometida por conta das chuvas irregulares. Os cafezais sofreram com a estiagem de janeiro, o que fez com que "muitos chumbinhos caíssem do pé, e o café não apresentará a qualidade de anos anteriores", explica Christina Ribeiro do Valle, vice-presidente do sindicato rural do município.
Segundo ela, a irregularidade prejudica até mesmo a previsão de safra, pois a produção em cada pé de café está variando significativamente. Contudo, as consultorias privadas estimam uma safra de 49 a 50 milhões de sacas para o Brasil, números que não deverão ser atingidos, de acordo com a opinião de produtores e lideranças da cafeicultura. '' Será muito difícil chegar nesses valores. O que temos visto - quando aparecem essas previsões - é que os compradores querem elevar o número das pesquisas para pressionar os preços, e os produtores são muito desunidos e não estão conseguindo provar o que acontece no campo", declara Christina.
Além disso, na região de Guaranésia (MG), os custos de produção estão a R$ 520,00 por saca de um café - por conta de ser uma área montanhosa onde maquinas agrícolas não entram e exigem valores mais altos - e hoje a saca é comercializado a R$ 460,00, ou seja, não há lucro. "E o preço de garantia está em R$ 307,00, quer dizer uma coisa tão absurda que a gente não entende porque o governo não valoriza a cafeicultura que produz tantos impostos e emprega tanta gente", afirma a vice-presidente.
Outro custo que tem prejudicado os cafeicultores é o preço dos adubos e fertilizantes - necessário para nutrir as plantas mais ainda depois das condições climáticas adversas - que com a valorização do dólar sofreu aumento de mais de 20%. "Em janeiro, comprávamos o saco da ureia por R$ 60, hoje em dia esse mesmo adubo está valendo de R$ 72 a R$ 75, então o produtor não consegue fazer uma adubação porque não tem dinheiro, e fará apenas para manutenção da planta", explicou Valle.
Para ela, mesmo com o retorno das chuvas, é preciso realizar uma boa adubação para que os cafeeiros se recuperem e reestabeleçam seu potencial produtivo. Porém, com os atuais níveis de preços dos insumos, a produção de 2016 deve ficar comprometida pela falta de nutrientes e dos tratos culturais necessários.
Com isso, os cafeicultores da região não tem produto para se capitalizar durante os picos de preço, pois os estoques da região são restritos - com a colheita do ano passado muito pequena. "Então, o produtor quase que vendeu o café todo para fazer a colheita. Teve que ir ao banco e fazer empréstimo para fazer a colheita deste ano que será em maio", afirmou Chrstina.