Tonelada da mandioca atinge menor patamar desde 2009. Oferta elevada da raiz e demanda abaixo da expectativa derrubam cotações
Segundo levantamento do CEPEA (Centro De Estudos Avançados Em Economia Aplicada), a tonelada da mandioca atingiu o menor patamar desde outubro de 2009 - principalmente nos preços pagos pela fecularia -, com negócios a R$174,00, pressionados pela oferta elevada e demanda abaixo da expectativa.
De acordo com Fábio Isaias Felipe, pesquisador do CEPEA, os preços praticados no mercado estão muito abaixo dos “custos de produção que está muito elevados, pressionando a renda dos produtores - e em muitos casos já está negativo", afirma.
Hoje o custo de produção da mandioca está em torno de R$ 240,00 a R$ 245,00, no entanto a oferta continua elevada, pois há expectativas de nova queda nos preços e os agricultores estão apressando a colheita para minimizar as perdas.
Para Fábio, mesmo com a redução da oferta o problema dos preços teria uma solução a custo prazo, inclusive "temos visto principalmente no Paraná, algumas mobilizações no sentido de postergar a colheita, e os desdobramentos disso podemos ver nas próximas semanas, mas é difícil ter um panorama de que isso possa afetar a oferta", explica.
Além disso, muitos produtores têm encontrado dificuldades com vagas nas fecularia - que está trabalhando em sua capacidade máxima, e "os que conseguem vagas é só para o segundo semestre, então até julho a posição de oferta é tranquila para a indústria", afirma Felipe.
No caso da demanda, a atual situação econômica do país, desfavorece a absorção da oferta pelo mercado. "E se não bastasse temos a produção industrial, que também não vem respondendo como nos anos anteriores", declara Fábio.
Com isso, no curto prazo o setor tem se mobilidade a exportação de fécula, no entanto o produto brasileiro tem custo superior a de outros produtores, como a Tailândia. “Nosso produto está acima de R$ 600 reais a tonelada no porto, enquanto a da Tailândia está 425 dólares", afirma o pesquisador.
Com esse cenário de mercado desfavorável ao produtor, a próximas safras podem ficar prejudicadas, pois "estamos em um momento em que o produtor - em outros anos - já estava com suas áreas arrendadas, e em alguns casos já fazia o preparo de solo, porém nesse ano não vamos nenhum movimento de cultivo", declara. Contudo, essa redução na área da mandioca causará consequências a longo prazo, elevando os preços daqui 2 anos.