Impunidade é o que mais assusta em relação às ações promovidas pelo MST contra o uso da biotecnologia no Brasil
As mulheres do MST que invadiram o centro de pesquisa da Suzano Papel e Celulose no interior de São Paulo, na manhã de ontem (05) destruíram 9 anos de pesquisa de transgênicos, e intitularam o movimento como a "luta das mulheres camponesas".
No entanto, para o presidente do clube amigos da terra do Rio Grande do Sul, Almir Rebelo, esse tipo de atitude é uma luta contra do desenvolvimento brasileiro. Almir tem uma longa história em defesa da biotecnologia no Brasil e apoio a aprovação da lei de biossegurança, vigorada em 2005.
"Essas mulheres não sabem o que é eucalipto, não sabem o que é soja, não sabe o que é biotecnologia, e são usadas como massa de manobra para dar esse golpe no desenvolvimento brasileiro", declara Rebelo.
A alegação para a destruição das mudas de eucalipto é que as modificações consumirão mais água, entretanto, Almir afirma que por conta da redução de 3 anos no período de desenvolvimento da cultura, a espécie consumirá menos água e não o contrário. "O ciclo vai consumir de 2 a 3 anos a menos de água, esse eucalipto atinge o desenvolvimento porque é mais eficiente no aproveitamento da mesma água".
Rebelo registra sua indignação diante da impunidade e insegurança, a qual o governo federal não toma nenhuma atitude. A destruição de 9 anos de pesquisas não afeta apenas pesquisadores e o setor produtivo do país, mas a longo prazo a falta de desenvolvimento afetará também a sociedade como um todo. "Quando eles fizeram isso aqui em Porto Alegre, Guaíba, foram mostradas essas imagens e essas atitudes são repugnantes causando uma repulsa da sociedade", ressalta Almir.
Soja Transgênica em 2001
Cerca de 800 agricultores sem terra destruíram dois hectares de soja transgênica da multinacional Monsanto, em Não-Me-Toque (a 300 km de Porto Alegre), em janeiro de 2001. Em discursos, acusaram a empresa de vender sementes transgênicas (o que é proibido) e pediram a sua expulsão do país.
O protesto contou com a participação do agricultor francês José Bové, que em agosto de 1999 tornou-se uma celebridade antiglobalização ao destruir uma lanchonete do McDonald's. Bové e outros cinco estrangeiros integrantes da Via Campesina (organização internacional de agricultores) e a Federação de Camponeses Franceses ajudaram na destruição do plantio.