Produtores da maior área de irrigação do Brasil deverão sentir impacto severo do aumento da energia elétrica
O aumento de 30% na energia elétrica deve impactar nos custos do produtor que trabalha com sistema de irrigação, como a produção na região de Paracatu (MG), onde há grande concentração de áreas irrigadas.
"Basicamente, 90% da irrigação é feita com sistema pressurizado - de pivô central - então logicamente que o consumo de energia é muito alto. O governo quando toma determinadas medidas ele não pensa no futuro, só no imediato", declarou o produtor rural, João Alves da Fonseca.
Para ele, as altas no primeiro momento irão afetar o produtor rural, mas posteriormente o aumento de custos pode refletir no alimento do consumidor. Ainda, dentro do sistema de produção há custos que podem ser remanejados ou substituídos, mas outros não têm substituto, como o óleo diesel - que também foi onerado - e a matrizes energéticas.
"Ou você incorpora isso nos custo de produção e de alguma maneira repassa isso lá na frente, ou deixa de fazer o cultivo - se tornar inviável - e no final vai pagar o consumidor", ressaltou Fonseca.
Com esse cenário, existe um risco de diminuição no volume de área irrigada, haja vista que as previsões são de um ano com poucas chuvas. Dessa forma, especialmente na terceira safra a incidência de áreas irrigadas pode ser menor.
Câmbio
Fonseca considera que a valorização do dólar - que ontem passou da casa dos R$ 3 - impacta positivamente nos produtos diretamente ligados a exportação, como soja, café e carnes. Contudo, impacta negativamente nos custos de produção. "Quando vamos a revendas de agrotóxicos e adubo, e só escutamos isso: compra hoje que vai subir", declarou.
Safra de Verão
Nas áreas irrigadas, a colheita da soja já ultrapassou os 70%, no entanto as lavouras nas áreas secas tiveram um atraso no plantio, mas a soja precoce já foi colhida. E as sojas mais tardias se recuperaram, com lavoura produzindo bem.
Na cultura do milho, primeira safra, houve grandes perdas - especialmente aos pequenos produtores. "O milho normal se plantou um pouco menos, então terá uma quebra significativa, agora o milho safrinha é um incógnita, tem gente plantando milho até hoje, e o que vai virar isso no final eu não sei", afirmou o produtor.