Dólar dispara no Brasil refletindo a instabilidade dos cenários político e econômico
A evolução da taxa cambial, que ontem chegou a R$ 2,92 será um fator determinante para o produtor finalizar a safra deste ano, e se preparar com a safra 2015/2016. A quantidade de troca em reais, no caso das exportações é valorizada pela alta do dólar, no entanto, os custos também sobem.
"O ciclo agrícola que é muito extenso - de 9 meses a 1 ano - precisa ser bem planejado na questão dos custos, caso contrário o produtor não aproveita o alta do câmbio. Então o preço de venda tem que ser maior que o preço de custo, porém o produtor não tem interferência no preço de venda, pois ele é formado em Chicago", alerta Miguel Daoud, analista financeiro.
Contudo, os custos podem ser controlados e devem ser planejados, para que o produtor saiba o momento certo de comprar e vender. Com o câmbio nesses valores, o produtor rural precisa agir com cautela.
"O produtor fez sua relação de troca com o câmbio mais baixo - e ainda tem produto para vender - ele pode pegar esse câmbio alto, mas não tem toda sua produção. Então, a rentabilidade dele começa a ficar apertada, mas o problema está na próxima safra, onde os custos vão subir e se houver uma piora no cenário brasileiro, pode afetar também os países emergentes", explica. Para ele, na medida em que os países com grande produção tem uma relação de troca do câmbio na moeda local, há uma tendência do comprador pagar mais barato.
Além disso, a alta do dólar frente ao real pode ser explicada pela desestabilidade do governo atual - que vem aplicando medidas e tributos, como a taxa Selic que está 19%, para estabilizar a economia. Para Daoud, esse cenário pode restringir o crédito ao produtor rural, e para os próximos dias ele deve ficar atento as informações da situação política para se planejar.