Brasil na contramão do mundo com logística ineficiente causa estranhamento nos EUA

Publicado em 03/03/2015 13:58
Setor agrícola dos EUA estranha ver o Brasil na contramão do mundo nas questões logísticas, principalmente com alta dos combustíveis. A conhecida ineficiência de escoamento da safra brasileira onera cada vez mais o país produtivo e pode reduzir a competitividade da produção nacional. Veja como as informações da greve dos caminhoneiros chegaram aos EUA com um relato direto do Kansas.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostra uma diferença de U$ 80 dólares por tonelada no preço dos fretes, comparando a cidade de Sorriso (MT), e o estado de Illinois - maior produtor de grãos dos Estados Unidos.

Para André Magrini, consultor de investimentos de agronegócios da América Latina, o modal brasileiro é muito preocupante, inclusive diz desconhecer a existências de hidrovias e ferrovias - como declaro a Presidente Dilma Rousseff na última semana - e essa dependência do modal rodoviário não deve mudar nos próximos anos.

"Inclusive os caminhoneiros do Brasil terão outro problema agora, que é o aumento dos pedágios com a conclusão das obras na BR 163, e parece que nesse momento não está sendo discutido isso", explica.

Nos Estados Unidos, como relata Magrini, a utilização de meios rodoviários é apenas para transportar os produtos até os portos. 
No Brasil a produção agrícola cresce ano a ano, mas os investimentos em transporte não evoluem no mesmo ritmo. Para ele, caso não haja fortes investimentos no setor logístico o país pode entrar em colapso.

"O que tem melhorado a questão dos fretes do Brasil é a desaceleração do mercado chinês, inclusive tem sobrado navios e houve redução de U$ 45 dólares por tonelada, para U$ 22 dólares por tonelada", conclui.

Enquanto os preços do combustível vêm caindo de forma global, visto a queda no valor do petróleo, o governo brasileiro tem feito o contrário. Segundo Magrini, a política do governo em taxar a energia elétrica e os combustíveis, faz aumentar a inflação, pois os geradores de renda não conseguem segurar taxas e impostos.

Para ele, no momento o país não passar nenhuma firmeza de mercado e os investidores estão receosos e retirando algumas posições do Brasil. "No momento existem transferências de investimentos do Brasil para a Ucrânia - até pela taxa de juros que foi para 30% - mostrando o descrédito do país no momento", explica.

Magrini explica que existe uma série de fatores que encarecem os custos no Brasil, como seguro de vida alto, má condições de infraestrutura em diversos setores. "O problema da logística do país não está só nos caminhoneiros, como a presidente Dilma acredita, o problema logístico brasileiro está no armazenamento, no transporte, na exportação, então não é uma política para apagar o incêndio que vai resolver o problema agora. Não deveria onerar, e sim incentivar os caminhoneiros a trabalhar", declara.         

Aumento na energia elétrica

Aconteceu no início da semana reajuste nos preços da energia elétrica, e essas mudanças impactarão significativamente o custo dos produtores que utilizam a irrigação. Mas no caso dos Estados Unidos, como explica o consultor, aconteceu o contrário, houve um incentivo aos produtores de irrigação, além de não haver taxação fixa para a água."Onerar a matriz energética brasileira, que é combustível e energia elétrica, é difícil porque vai afetar diretamente quem produz", conclui.

Mercado

O mercado segue estável, pois as informações nos Estados Unidos referente à greve, não chegam em tempo real. Dessa forma, eles acreditam que a greve no Brasil já foi resolvida.

No entanto, as baixas temperaturas registradas na América do Norte, tem demandado muito farelo - maior do que se esperados. Porém como quase toda a safra já havia sido negociada, os produtores norte americanos estão aguardando os relatórios da próxima safra para iniciar as comercializações.

Por: Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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