Greve dos caminhoneiros: Rodovias são liberadas na região de Cruz Alta (RS); Cadeia produtiva do leite é a mais afetada
Sob pena de multa por veículo na estrada, os caminhoneiros desbloquearam as rodovias próximas à região de Cruz Alta (RS). Ainda na manhã desta segunda-feira (2), os manifestantes bloqueavam estradas na localidade de Tupanciretã e Fortaleza dos Valos. Por enquanto, o setor mais afetado com a situação é a cadeia produtiva do leite.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta, Airton Carlos Becker, algumas empresas pararam de recolher o leite devido à falta de embalagens. “Muitos produtores jogaram o produto fora, tivemos uma consequência imediata. Outra situação que aconteceu na região foi a preocupação com o escoamento da produção de milho, já que temos 80% da área colhida e daqui a pouco iremos colher a soja”, destaca.
Além disso, algumas propriedades ficaram sem os produtos para o controle da ferrugem asiática nas lavouras de soja. Ainda assim, o presidente destaca que foram situações pontuais, mas que preocuparam os agricultores. Já em relação aos negócios, no caso da oleaginosa, a comercialização antecipada foi mantida, no entanto, as vendas de milho recuaram, uma vez que muitos compradores saíram do mercado.
“Sabemos que essa é uma causa justa, a diminuição dos impostos, do valor do diesel. Mas os problemas com o bloqueio das rodovias ocasionam prejuízos e é preciso rever as situações”, ressalta Becker.
Aumento na energia elétrica
A partir desta segunda-feira, os consumidores brasileiros já deverão pagar mais caro pela energia elétrica. Para o Sul do Brasil, o aumento previsto é de 28,7%, em média, o que deverá impactar diretamente nos custos de produção aos agricultores. As indústrias de defensivos e fertilizantes também deverão sofrer um aumento, que, consequentemente, será repassado ao setor.
Paralelamente, há os custos aos irrigantes e na região de Cruz Alta, é uma das maiores áreas irrigadas no estado. “Os produtores investem principalmente em pivô central para evitar uma frustração de safra. Porém, com esse cenário, a perspectiva é que haja uma redução nos futuros investimentos em irrigação”, acredita o presidente.
Até o momento, a expectativa inicial é que no caso do milho, os custos apresentem um aumento de 5 sacas por hectare. Contudo, Becker sinaliza que os produtores não têm opção, já que se reduzirem os investimentos em tecnologia, poderão colher uma safra menor e depois terão dificuldades em cobrir os custos.