Greve dos Caminhoneiros: Diesel responde por 48% do custo do profissional autônomo e revisão dos preços é determinante para a classe
Caminhoneiro autônomo relata que preço do óleo diesel afeta diretamente os custos, somando prejuízos de mais de R$ 20 mil. A principal reivindicação é a redução do combustível em pelo menos R$ 0,50, mas o governo não propõe soluções para essa problemática.
De acordo com o caminhoneiro autônomo, Marlon Martini, os caminhões gastam em média R$ 2,97 por quilometro rodado, e deste valor 48% - ou seja R$ 1,40 – são custos do óleo diesel. “O lucro fica afetado, ou melhor, não tem lucro, nos começamos a trabalhar por um valor que não mantém o caminhão. Qualquer pneu furado, ou manutenção no caminhão eu tenho que tirar do meu bolso”, afirma.
Segundo ele, antes da alta no combustível, o custo do caminhão estava R$ 2,77 por quilometro e com a alteração houve aumento no custo de mais de R$ 0,20/km rodado. Dessa forma, os caminhoneiros autônomos precisaram realizar mais fretes para cobrir seus gastos e manter a renda.
“As propostas que vieram do governo, como a questão de BNDES – que são taxas e prazos muito bons – mas para o caminhoneiro autônomo é quase que inacessível. Ai vem a crítica que o preço do frete é de acordo com a oferta e demanda, e a oferta está saturada, mas quem comprou caminhão é o médio e grande empresário, que tem crédito fácil”, alerta Martini.
Dessa forma, a indignação dos caminhoneiros está no fato de as soluções do governo não afetarem diretamente nos custos, e os manifestantes que estão parados nas rodovias em diversos estados do país, ainda não foram ouvidos, portanto não pretendem acabar com a greve.
“Chamaram pessoas para decidir e tomaram decisões que não afetam os caminhoneiros. Não adianta perdoar multas por excesso de peso dos últimos dois anos, isso não afeta a minha realidade. O que afeta minha realidade é o custo do frete, os R$ 0,70 por eixo, e a forma como isso está sendo tratado descontenta. Como acabou a greve se não fomos ouvidos ainda?”, declarou o caminhoneiro.
Marlon contou que a ideia é reunir em torno de 3 mil caminhoneiros para mostrar a força da classe. "A gente precisa de uma solução e atenção maior para isso. Não é simplesmente nos multando, mandando tropa de choque que resolve o problema. Esse tipo de ditaduta não nos serve, nós queremos uma solução negociada - não com as classes que atendem o governo - mas com as classes que estão reivindicando. E é o que não foi atendido ainda", completou.