Boi: Greve dos caminhoneiros deve dificultar ainda mais a situação da já oferta limitada de animais e preços devem refletir
A falta de abate pode causar prejuízos de R$ 2,5 milhões por dia no setor pecuário, por causa da greve dos caminhoneiros. E o frigorífico que já enfrentava dificuldades para conseguir animais para escalar, comprando matéria prima cara, com a decorrência da greve a situação se agrava.
De acordo com Alex Santos Lopes, consultor da Scot Consultora, no longo prazo pode haver dificuldade no abastecimento do comércio, pois a pecuária de corte é totalmente dependente do sistema rodoviário. No caso do diesel, o setor tem menor impacto na falta do combustível – pelo baixo uso de máquinas, chegando de 500 a 700 horas ano de uso na fazenda.
“Se você aumentar o preço da carne e da produção, não tenha dúvida que isso prejudicará ainda mais a demanda. Temos um ano de economia muito ruim, com a inflação subindo a cada mês, e a projeção de PIB negativo, dificultando pagamentos maiores pelo preço da arroba”, afirma Lopes.
Já no mercado internacional a perspectiva não é positiva por conta dos preços do petróleo – sendo a maior parte dos compradores dependentes da comercialização desse produto. E a alta do dólar já não tem sido motivo para mudanças significativas no mercado.
Em São Paulo a arroba do boi gordo segue a R$ 144,50 a vista, devendo persistir nesses valores no decorrer do ano. Além do mais, a relação de troca está mais ajustada – com poder de compra restrito -, por conta do valor elevado dos animais de reposição.
“Se o boi magro subir a metade do que subiu em 2014, para o pecuarista remunerar essa produção – em outubro e novembro – em São Paulo ele precisará de preços da arroba a partir de R$ 144,50 para pagar todos os investimentos e não aferir nenhum lucro. Só para ter uma ideia em 2014 a R$ 144,00/@ ele já tinha retorno de investimento de 20%”, conclui Lopes considerando que a margem do produtor deve ficar ainda mais apertada.