Greve dos caminhoneiros é reflexo da corrupção na Petrobras e proposta de congelar o diesel por 6 meses é vergonhosa
As propostas apresentadas pelo governo federal para solucionar os problemas da greve dos caminhoneiros, na noite de ontem (25), dividiu as lideranças do movimento e agora há uma incerteza se as paralisações vão continuar ou não.
Entre as propostas do Governo a única referência aos preços do combustível é o comprometimento de congelar os preços durante os próximos 6 meses. No entanto, o que se observa no mundo todo são os valores do diesel em constante queda – por conta da desvalorização do barril de petróleo. Segundo Miguel Daoud, analista financeiro, as outras reivindicações da greve são importantes, mas secundárias. O óleo diesel representa 40% dos custos dos caminhoneiros, portanto, não reduzir o preço do combustível não representa nenhuma alteração na remuneração desta classe.
Para Daoud, os motivos que agravaram essa situação, culminando na greve da semana passada, estão relacionados a alterações na oferta e demanda. “Nos últimos anos houve um aumento considerável na oferta do frete, por outro lado as grandes fazendas de grãos começaram a armazenar a sua produção em silos, esse cenário gerou queda no preço dos fretes, juntamente com o aumento do combustível formou uma situação insustentável para os caminhoneiros”, explica.
“O combustível aqui está mais caro por dois motivos, porque a tributação é muito alta – e isso ajuda a repor os cofres do governo, e por outro lado, ajuda a repor o caixa da Petrobrás. E dessa forma, qualquer pessoa de bom senso pensa que não tem que pagar essa conta. E o Congresso Nacional ontem, aumentou 100 milhões de despesas por ano, com passagens para as mulheres dos deputados”, comentou o analista.
De acordo com as últimas estimativas o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano deve sofrer uma queda de aproximadamente 0,5% e, a greve – prejudicando diretamente o setor do agronegócio – essa redução pode ser ainda maior. Para Daoud, o Brasil deve ter uma queda ainda maior de 1,5% a 2% no PIB deste ano.