Soja: Preços podem buscar os US$ 11,40 por bushel em Chicago; demanda é forte e constituída
O preço da soja subiu em Chicago, na tarde desta terça-feira (24), por conta da greve dos caminhoneiros que impede o fluxo do produto. Para Liones Severo, consultor de mercado do Simconsult, o mercado mundial é dependente do Brasil – sendo o maior exportador de soja - e qualquer ruptura no fluxo de produto impacta no mercado.
Esse cenário precipitou os avanços nos preços, e no mercado brasileiro os preços nos portos tiveram alta de 0,75% por saca, e apresentaram ligeira baixa em Rio Grande - de 0,15% encerrando os negócios a R$ 67,50.
"Hoje, o mercado mundial é muito dependente do Brasil, que é o maior exportador do complexo soja, e qualquer ruptura de fluxo de produto impacta o mercado. O farelo de soja é muito valioso, tem um bom desempenho, hoje rompeu uma barreira importante - US$ 355,00 em Chicago", explica Severo. Para ele não haverá grandes prejuízos nos preços para a soja brasileira, salvo se a greve se estender por muito tempo.
Severo explica que essas paralisações somente anteciparam um movimento positivo para os preços e acredita que o mercado pode alcançar patamares entre US$ 11,40 e US$ 11,50/bushel e os US$ 12,00, até junho.
No mercado internacional, os Estados Unidos já comercializou quase toda a soja que teria para negociar até 31 de março, e devem continuar vendendo para abastecer os mercados mais próximos como Mediterrâneo, Europa e América Central. “Ou seja, a exportação americana não será 48 milhões, nas minhas contas ela chega a 52 milhões de tonelada. E isso com certeza vai reduzir o estoque – o que significa preço – e afeta o produtor”, comenta.
Segundo ele, houve um aumento significativo no consumo do farelo a partir de 2007, e esse cenário não mudará, pois não há substitutos para este produto. “Devemos considerar que o preço da soja mesmo caindo os U$ 10,00, se considerarmos o prêmio e o Chicago, ela nunca caiu os U$ 10,00, sempre esteve acima disso e, durante os meses de julho e agosto tiveram prêmios ótimos de U$ 2,50 até U$ 4,00 por bushel”, declarou Severo.
Liones orienta que produtor deve “montar um fluxo de saída e vender dentro do custo beneficio, fazendo espiral de falta, venda escalonada – porque o preço em real já é razoável”.
Greve dos Caminhoneiros
A paralisação dos caminhoneiros que completou uma semana nesta quarta-feira (25) impediu o fluxo de produtos por todo país. Nos portos há cerca de 5 milhões de toneladas de soja para ser embarcados para a China.
“A consequência é um atraso muito grande, porque até esses caminhões chegarem aos portos, descarregar, e voltar todos ao mesmo tempo para o interior, interrompe a dinâmica do fluxo – isso pode demorar algumas semanas para se resolver. Evidentemente, muitos países que precisam principalmente do farelo – que terá atraso no processamento – comercializarão com os Estados Unidos e, isso causará um impacto nos preços de Chicago”, explicou Severo.
Para ele, o estoque de 90 milhões de toneladas do mundo é uma marque não realista, caso contrário à greve brasileira não preocuparia. E desde os anos 90 nenhum país trabalha com estoques. “Nós vimos ano passado os Estados Unidos mascarar um estoque, lançando uma conta de menos 94 milhões de bushel. Não existe isso, resíduo é uma aplicação da soja para outros fins, e o produtor fica enganado que existem grandes estoques no mundo”, comenta.