Preços do leite recuam 4,1% em janeiro e produtor recebe pouco mais de R$ 0,89/litro; recuperação deve vir a partir de março
De dezembro passado para janeiro desse ano, o preço do leite caiu 4,1%, registrando a maior queda dos últimos meses. Já em relação a janeiro do ano passado o litro desvalorizou 6%. A razão desse cenário está na baixa demanda do mercado nacional junto com a oferta abundante: os produtores estão captando um volume 7,2% maior de leite do que em janeiro de 2014. “Em algumas regiões os preços registraram uma queda de R$ 0,15 por litro nos últimos dois pagamentos. Essa pressão vem justamente do aumento forte de produção que nós tivemos em 2014, fruto dos investimentos feitos e da redução de custos da alimentação com milho e farelos mais baratos. Então, o preço caiu porque a demanda não cresceu na mesma proporção que a oferta”, comentou Rafael Ribeiro, analista de mercado da Scot Consultoria.
Atualmente o litro do leite está no patamar de R$ 0,89 e, de acordo com a expectativa do mercado, esse deve ser o equilíbrio de preço a curto prazo. “A tendência é de estabilidade no preço a partir desse mês, até porque a produção começa a diminuir depois do pico alcançado em dezembro. Sendo assim, a recuperação dos preços para o produtor deve acontecer em março”.
Outro fator que o produtor tem estar atento é que agora é uma boa hora para se investir em produção, já que o momento de colheita de safra faz com que os grãos fiquem com preços mais baixos. O valor do milho, por exemplo, está 14% menor do que em janeiro de 2014. “Os estoques cheios nesse início de colheita dão uma excelente oportunidade ao produtor para que ele vá em busca de boas oportunidades de negócio. A gente sabe que o peso da alimentação no custo de produção da pecuária de leite é bastante grande”.
Assim, a recomendação que Rafael Ribeiro dá ao produtor de leite é de investir no aumento de produtividade, principalmente nesses períodos de preços baixos, para que o retorno financeiro venha também pela alto volume comercializado. “Hoje o cenário econômico está ruim e afeta diretamente o consumo de produtos lácticos, especialmente os que têm maior valor agregado como iogurtes e queijos. Pensando pelo lado da demanda, podemos ter um ano bastante ruim com o consumo andando de lado, assim como ocorreu em 2014, quando tivemos um crescimento na oferta de mais de 10% em algumas regiões, enquanto a demanda só aumentou em 2%”.