Chuva diminui risco de chochamento dos grãos, mas produção de café da atual safra já foi comprometida pela estiagem do ano passado
Risco de chochamento dos grãos de café é reduzido pela chuva no começo desse mês na região de Minas Gerais. Ainda assim, os danos no crescimento da planta causados pelo calor no ano passado devem provocar uma quebra de 10% em relação à safra de 2014. A expectativa é que a produção desse ano seja de 28 a 30 milhões de sacas.
“Existem vários fatores que podem afetar a queda na produção do café, um deles seria o chochamento dos grãos. No ano passado, por exemplo, entre janeiro, fevereiro e março, que é exatamente a época que os frutos se desenvolvem, nós tivemos uma seca rigorosa, alta temperatura e luminosidade bastante excessiva. Esses três fatores em conjunto foram os responsáveis por fazer com que o grão do café ficasse mal formado e daí a alta porcentagem, de 20% a 40%, de grãos chochos que tivemos em 2014”, explica José Donizeti Alves, professor da Universidade Federal de Lavras.
Os especialistas veem para essa safra quatro possibilidades de cenários diferentes. O primeiro é otimista e prevê que não haverá quebra de safra em relação ao ano passado. O segundo é muito pessimista e aponta que os três meses de estiagem do ano passado foram tão dramáticos que a safra sofrerá perdas por até dois anos consecutivos. “Já o terceiro cenário, que eu particularmente acredito, é que as chuvas dessa última semana foram suficientes para amenizar a temperatura e frear as perdas na produção. Com isso a quebra na safra se limita a 10% se não houver nova estiagem prolongada daqui para frente”, completa o professor. O quarto e mais improvável faz uma previsão muito otimista e acredita que essa safra vai superar a anterior.
“Se você for à lavoura hoje irá notar que o café deu uma recuperada, as folhas estão mais verdes e tudo mais. Isso porque o café é muito responsivo, mas essa recuperação de aspecto não é motivo para se acreditar que a situação possa ser suficiente para reverter a queda na safra”.