Pressão negativa sobre os preços da soja em Chicago está chegando ao fim

Publicado em 30/01/2015 11:26
Pressão negativa sobre os preços da soja em Chicago está chegando ao fim. Demanda por farelo continuará dando suporte às cotações do grão

A pressão sobre os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago está chegando ao fim, acredita o consultor de mercado e diretor do SIM Consult, Liones Severo. A demanda por farelo, aquecida e crescente deverá ser, entre outros, o principal fator de suporte para as cotações do grão, disse em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira (30). 

"O farelo de soja é a única proteína existente em escala no mundo, então, a não ser que se descubra um substituto para ele, assim, é muito pouco provável que tenhamos mais quedas significativas para os preços da soja na Bolsa de Chicago", diz Severo. 

Para o consultor, o movimento negativo que levou os preços aos atuais patamres praticados no cenário internacional foi motivado por movimentos financeiros, com uma contribuição ainda de uma ligeira sobreoferta de farelo no mercado americano depois da descoberta de uma gripe aviária nos EUA, a qual acabou resultando no embargo de suas exportações por parte de alguns compradores. Além disso, o mercado está travado os fundos estão muito vendidos, o que também poderia limitar as baixas na CBOT. 

Processamento de Soja

Com uma elevada capacidade de processamento industrial, a China deverá voltar essa industrialização para a soja e a produção de farelo, enquanto que, em anos anteriores, as atividades se voltavam para outras oleaginosas - como colza e amendoim - para a obtenção de óleo. "Estamos presos ao farelo, que é o maior insumo alimentador dos produtores de carnes e por isso que a soja é a commodity mais importante do mundo", explica Severo. Atualmente, a nação asiática tem 300 indústrias processadoras de soja e cerca de 70% delas voltadas para as costas oceânicas para receber soja importada. 

O consultor acredita ainda que a leitura das "margens negativas" para o esmagamento de soja não reflete o real cenário do mercado, apesar de preços um pouco mais pressionados para o farelo nos mercados internacionais. Ou seja, a demanda chinesa segue aquecida com seus rebanhos gigantes - o maior mundial de suínos - além dos alojamentos e da criação de peixes também bastante substanciais. "Um país que consome 80 milhões de toneladas de carne precisa importar insumo ou sacrificar seus rebanhos, o que não está acontecendo e nem nunca vai acontecer", diz Severo. 

Oferta

As perdas que vem sendo registradas nas lavouras brasileiras de soja nesta temporada 2014/15 também não deverão exercer, segundo o consultor, muito impacto sobre o andamento das cotações, já que um dos principais pontos do mercado agora não é o tamanho da oferta, mas sim a quantidade de farelo a ser disponibilizada no mercado. E sobre isso, Severo é contundente e diz que não há capacidade industrial no Brasil para processar a soja e trazer um volume necessário de farelo no quadro atual. 

"Estamos bastante seguros de que o farelo tem uma importância grande, é muito barato e a farinha de peixe que é seu concorrente tem o preço cinco vezes mais caro, e ainda sofre escassez também. Não tem alimento no mundo e o farelo de soja é soberano nessa questão. Não adianta dizer que a soja vai cair porque o Brasil vai produzir mais porque não há indústria no mundo para transformar em farelo. Então, o preço do farelo segura o preço da soja (...) Temos um futuro brilhante para os preços daqui para frente", afirma. 

Preços

Assim, diante desse quadro do mercado mundial, Liones Severo continua acreditando que os preços da soja devem se recuperar na Bolsa de Chicago, podendo buscar ainda algo entre os US$ 11,00 e US$ 11,40 por bushel, principalmente se o produtor brasileiro seguir administrando com profissionalismo sua comercialização."Se não houver uma enxurrada de venda de soja brasileira de uma só vez, continua intacta essa formação de preços, podendo buscar até mais. Nós entramos em um preço irreal da soja por conta de movimentos financeiros que já têm hora e data marcada", salienta o consultor do SIM Consult. 

Para Severo, essa análise pura e linear da oferta para direcionar os preços é inconsistente, principalmente no médio e longo prazo, já que os negócios fazem parte de um "sistema indissociável", o qual conta, entre outros fatores, com a expansão necessária do consumo dpo farelo de soja, por exemplo, que é um fator de sustentação para as cotações. "O farelo é quem governa os preços da soja. E o preço da soja está muito barato e preço barato expande o consumo", diz. 

Além disso, afirma novamente que o aumento na oferta mundial nada mais é do que um aumento proporcional da necessidade do consumo. "Estamos produzindo mais soja porque o consumo está precisando. Ninguém produz alguma coisa para ninguém. Nossa produção é valiosa e o Brasil é a esperança do mundo. Esse ano é muito importante", reforça. 

Para 2016, o cenário é diferente e o que diz agora é especulação. 

Para o produtor brasileiro, a orientação principal de Liones Severo é de que continue a ganhar conhecimento, a administrar com competência suas vendas - como já vem fazendo - e conhecer, cada vez mais, a cadeia de suprimento mundial como um todo. "O conhecimento te traz segurança. Quando sabemos muito sobre algo não nos assustamos tão fácil", conclui. 

Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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