Soja: Retomada do dólar nesse final da semana pode ser diferencial para os preços no Brasil, mas negócios seguem travados
O clima no Brasil, o tamanho da próxima safra americana de soja e a recomposição dos estoques dos Estados Unidos são os fatores decisivos que vão influenciar o mercado nos próximos meses, de acordo com Camilo Motter, economista da Granoeste Corretora de Cereais.
“Os estoques americanos vão ditar muito do preço pela frente. A recomposição dos estoques dos EUA, mais do que o global, é o grande fator de baixa no mercado nos últimos seis ou sete meses. Outro ponto é o tamanho da safra norte americana 2015/2016, cujo plantio acontece em maio. A projeção indica um aumento de área de soja e redução de milho, o que é negativo pro mercado. Mas para mim, o fator mais preponderante é o clima no Brasil, principalmente falando a curto prazo. Tendo um apanhado geral do que se passa no Brasil hoje, nós temos muitas irregularidades climáticas e perdas constatadas em diversas regiões.”
Camilo Motter também faz uma análise do mercado no mês de janeiro e pegou como exemplo o cultivo da soja, que está em baixa em relação ao começo do ano. “O mês de janeiro sempre é um mês muito negativo. Se a gente analisar historicamente, a cada dez anos a entrada da safra, tanto nos EUA quanto na América do Sul, sempre é um ponto negativo. Quer dizer, quando tem produto novo chegando depois do período de entre safra, essa oferta nova é um elemento de pressão sobre o mercado e não está sendo diferente esse ano com a chegada da safra sul-americana. Janeiro começou com forte alta, o mercado bateu de R$ 10,50 a R$ 10,60 e agora caiu para patamares de R$ 9,70 a R$ 9,80. Ou seja, 90 a 100 pontos por bushel abaixo daquele melhor momento que tivemos no ano”.
“Depois dessa semana todo janeiro se constituiu em momentos de perda, de pressão sobre o mercado, combinado internamente com a queda do câmbio. As medidas adotadas pelo governo caminham na direção de uma equalização desses desequilíbrios na área fiscal e na área de controle de preços. O que nós estamos vendo é um mercado sem direção. Ontem ele trabalhou nas duas pontas da tabela com movimentos muito pequenos e hoje, nesse momento, ligeiramente positivo. Estamos entendendo que as notícias das irregularidades climáticas no Brasil começam a chegar no mercado internacional e se ainda não consegue impulsionar o mercado positivamente, elas pelo menos dão uma certa sustentação nesses patamares para que não caia ainda mais”.