2020 é um dos mais secos nos últimos 10 anos e Agrymet alerta para retorno irregular das chuvas no Centro-Oeste em outubro
Plantio de soja do Brasil atinge 3,4% da área, diz AgRural; maior atraso em 10 anos
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio brasileiro de soja 2020/21 alcançou 3,4% da área estimada até o dia 8 de outubro, com os trabalhos mais lentos dos últimos dez anos em meio a um cenário de pouca chuva e altas temperaturas nas regiões produtivas, informou a consultoria AgRural nesta segunda-feira.
Uma semana antes, a semeadura estava em 1,6% da área. No mesmo período da safra passada, o percentual de plantio atingia 11,1%.
"(Este é o) índice mais baixo para essa época do ano desde a safra 2010/11", afirmou a consultoria em nota.
Segundo a AgRural, foram registradas chuvas em algumas áreas produtoras na semana passada, mas em volumes irregulares e mal distribuídos.
"Com pouca umidade no solo e temperaturas elevadas, foram poucas as regiões em que as condições melhoraram a ponto de permitir o avanço do plantio", acrescentou.
Atrasos significativos nas lavouras de Mato Grosso e Paraná, dois dos principais produtores da oleaginosa no país, fazem com que cresça a expectativa de que haverá restrição de soja pronta para colher em janeiro.
No entanto, com chuvas "mais generosas" registradas no fim de semana em alguns Estados, espera-se que o ritmo dos trabalhos melhore nos próximos dias.
MILHO
O plantio da primeira safra de milho 2020/21 chegou a 39% da área estimada para o Centro-Sul do Brasil até o dia 8 de outubro, em linha com a média de cinco anos, mas atrás dos 45% registrados no mesmo período do ciclo anterior.
"Os trabalhos seguem concentrados nos três Estados do Sul, já que São Paulo, o primeiro dos demais Estados a iniciar a semeadura, ainda estava muito seco na semana passada", destacou a consultoria.
Ainda não há relatos de perda de potencial nas áreas mais adiantadas, mas lavouras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina passaram por falta de umidade na última semana.
Mudança climática representa ameaça significativa ao crescimento global, diz chefe do FMI
WASHINGTON (Reuters) - A mudança climática representa uma séria ameaça ao crescimento global, disse a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira, ao fazer um apelo aos principais emissores do mundo a concordarem com um piso para os preços do carbono.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse a ministros da economia em reunião sobre mudança climática que os países também devem garantir que os investimentos verdes sejam incluídos no dinheiro que estão gastando para conter a pandemia de Covid-19 e mitigar seu impacto econômico.
Ao fazer isso, afirmou ela, poderiam impulsionar o produto interno bruto global em 0,7% em média nos primeiros 15 anos de recuperação.
"Mesmo enquanto estamos no meio da crise de Covid, devemos nos mobilizar para evitar a crise climática", disse Georgieva em uma reunião de ministros da economia de 52 países que trabalham para integrar as mudanças climáticas em suas políticas econômicas.
O grupo, criado em abril de 2019 e liderado pelos ministros do Chile e da Finlândia, realizou um encontro virtual na segunda-feira, paralelamente às reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial.
China e Estados Unidos, os maiores emissores mundiais de gases que retêm calor, não fazem parte da coalizão. Juntos, eles respondem por 43% das emissões mundiais.
“A evidência é clara: a mudança climática é uma ameaça profunda ao crescimento e à prosperidade. E as políticas macroeconômicas são centrais para a luta contra a mudança climática”, disse ela.
Segundo Georgieva, pesquisa do FMI mostrou que medidas estratégicas poderiam ajudar a alcançar emissão líquida zero até 2050, apesar da pandemia, mas é imperativo que os países reservem parte dos 12 trilhões de dólares em estímulos fiscais para investimentos verdes.
A precificação do carbono deve estar no centro da estratégia, disse ela, acrescentando: "É fundamental fazer a implementação certa, inclusive para proteger as pessoas e setores vulneráveis para garantir uma transição justa".
Expressando preocupação de que a estrutura atual do acordo de Paris não proporcionaria a necessária redução de 25% a 50% das emissões na próxima década, Georgieva pediu aos principais emissores que adotem um piso para o preço do carbono, o que poderia abrir caminho para um consenso global.
Surto de desastres naturais cobram um caro preço humano e econômico, diz ONU
GENEBRA (Reuters) - A quantidade de eventos climáticos extremos aumentou dramaticamente nos últimos 20 anos, cobrando um caro preço humano e econômico ao redor do mundo, e devem ser responsáveis por ainda mais estragos, afirmou a Organização das Nações Unidas, nesta segunda-feira.
Ondas de calor e secas serão a maior ameaça da próxima década, com temporadas continuando a crescer devido aos gases que retêm o calor, disseram especialistas.
China (577) e Estados Unidos (467) registraram o maior número de desastres entre 2000 e 2019, seguidos por Índia (321), Filipinas (304) e Indonésia (278), afirmou a ONU em um relatório publicado na véspera do Dia Internacional para a Redução de Risco de Desastres. Oito dos dez países estão na Ásia.
Cerca de 7.348 grandes desastres foram registrados globalmente, cobrando 1,23 milhão de vidas e afetando 4,2 bilhões de pessoas, com perdas econômicas de 2,97 milhões de dólares durante o período de duas décadas.
Secas, enchentes, terremotos, tsunamis, incêndios e eventos extremos de temperatura causaram muitos danos.
“A boa notícia é que mais vidas foram salvas, mas a má notícia é que mais pessoas estão sendo afetadas pela emergência climática cada vez maior”, disse a Representante Especial para a Redução de Risco de Desastre do Secretário-Geral da ONU, Mami Mizutori, em uma entrevista coletiva.
Ela pediu que os governos investissem em sistemas de alerta e implementassem estratégias de reduções de risco.
Debarati Guha-Sapir, do Centro de Pesquisa em Epidemiologia de Desastres na Universidade de Louvain, Bélgica, que forneceu dados para o relatório, afirmou: “Se este nível de crescimento de eventos extremos de clima continuar ao longo dos próximos 20 anos, o futuro da humanidade realmente parece desolador”.
“Ondas de calor serão nosso maior desafio nos próximos 10 anos, especialmente em países pobres”, disse.
O último mês foi o setembro mais quente do qual se tem registro, com temperaturas altas fora do comum na Sibéria, no Oriente Médio e em partes da América do Sul e da Austrália, disse o Serviço de Mudança Climática Copernicus da União Europeia.
Temperaturas globais continuarão a crescer ao longo dos próximos cinco anos e podem temporariamente subir para mais de 1,5 graus celsius além dos níveis pré-industriais, afirmou a Organização Mundial de Meteorologia (WMO, sigla em inglês), em julho. Os cientistas estabeleceram 1,5 graus celsius como o teto para evitar um catástrofe climática.