Molion prevê inverno rigoroso e safra com atraso nas chuvas para CO e Matopiba além de chuvas abaixo da média no Sul
O Notícias Agrícolas conversou nesta quinta-feira (27) com Luiz Carlos Molion - Climatologista para entender quais as chances de um retorno de um La Ninã ainda em 2020. Molion começa destacando que em um ano de neutralidade, como vem sendo 2020, em princípio não se espera grandes problemas como excesso de chuvas ou seca severa.
A situação atual do Pacífico, segundo Molion, indica que a região no Niño 3 já está esfriando. No gráfico que mostra na sequência, Molion destaca as temperaturas das águas em profundidade, destacando que os dados apresentados são reais e não se trata de simulações, para que o produtor consiga entender a real situação atual. "Nas últimas semanas a água foi se elevando e chegou até a superfície e isso não é comum. Normalmente o que acontece com o La Niña clássico, é que os ventos sopram da América do Sul em direção à Austrália", explica.
Dessa vez está sendo observado uma mudança no sistema. "Não é o resfriamento clássico que levaria a um La Niña, por isso que minha opinião é que nós vamos ter uma neutralidade, porém do lado negativo", afirma. De uma certa forma, segundo Molion, existe 89% de se manter na neutralidade de acordo com as previsões de maio. Os números mostrados pelo climatologista apontam ainda que a neutralidade deve permanecer até, pelo menos março de 2021. "Há uma probabilidade de a partir de outubro de ser ter um La Niña. É muito mais provável que fique neutro, mas do lado negativo", destaca.
"Estando com neutralidade, que é o que a gente espera que vai acontecer, o impacto na chuva não vai ser tão grande", explica. Molion fez ainda uma previsão por similiaridade e os dados motram que 2020 deve ficar bem próximo do que aconteceu em 2004. Sendo analisado para o trimestre (abril - junho): os gráficos mostram chuvas abaixo do normal no sul do país, boas chuvas no sudeste e alguns pontos de excesso de chuvas em partes da Bahia e sem grandes mudanças para o Centro-Oeste.
Já para o trimestre entre julho e setembro: excesso de chuva na costa norte, assim como costa leste do nordeste. A região sul do país continua apresentando chuvas abaixo do normal para o período. Já para o trimestre outubro - dezembro, os mapas apontam ainda chuvas abaixo do normal para todo o sul do Brasil, além de redução de chuvas para o oeste da Bahia e leste do Centro-Oeste. "É possível que nesse início de estação chuvosa, as frente frias fiquem mais estacionárias pouco mais pra o sul", destaca.
Já para janeiro - março de 2021, considerado o grande período crítico, tendo em vista que é o período em que a soja está florescendo na Bahia, os mapas apontam chuvas acima da média. Já para o Rio Grande do Sul, a tendência é chuvas abaixo da média. Já na janela entre abril - junho, os modelos apontam precipitação mais dentro da normalidade. "Aí sim o Rio Grande do Sul passaria ter chuvas acima da média", explica.
Já para o inverno que está prestes a chegar, Molion destaca que traz preocupações. Segundo o professor, quando o Inverno na América do Norte é rigoroso, normalmente o Brasil também passa por um Inverno de temperaturas impactantes. "Se as temperaturas estiveram ligeiramente mais frias também influencia. Portanto, é preciso se preocupar com geadas severas", afirma.
Molion destaca ainda que o produtor de café precisa ser atento às condições. "Não creio que vá ser nada severo como em 1975, mas tem que tomar cuidado. Não só o produtor rural que cultiva café, mas também o pecuarista porque o gado (Nelore), se as temperaturas caírem muito, o gado morre de hipotermia", comenta. Destaca ainda que é adequado que o pecuarista tenha um local para o animal se abrigar nas noites mais frias.