Verão no Brasil não terá influência do El Niño, prevê o climatologista LC Molion
Neste boletim especial de final de ano, o climatologista Luiz Carlos Molion conversou mais uma vez com o Notícias Agrícolas para discutir a divulgação feita pelos institutos internacionais a respeito da ocorrência do El Niño no verão de 2018/19.
O IRI/CPC divulgou que existe uma chance de 95% de estabelecimento do fenômeno. Como conta Molion, essa previsão é feita a cada 15 dias, mas com base nos resultados de 18 modelos dinâmicos e oito modelos estatísticos. Cada modelo traz um resultado diferente, a partir dos quais é feita uma média geral e é colocada uma probabilidade. Para o climatologista, esse método seria questionável, já que "nenhum modelo estatístico consegue acertar o El Niño", segundo ele.
Molion prefere trabalhar com um método de similaridade, que compara eventos semelhantes. De acordo com esse método, a simiilaridade do atual momento ocorre com o ciclo entre 1997 a 2002 onde 2001 está alinhado a 2018 e 2002 representaria portanto, o ano de 2019. E comparando o comportamento nesses dois anos, alguns fatos já se confirmaram, como o veranico prolongado no PR.
A similaridade também não prevê influência do El Niño neste verão - apenas no segundo semestre de 2019. Contudo, quando este ocorrer, ele deve vir mais fraco, sem comprometer as lavouras.
Brasil Central, Norte e Nordeste
Janeiro a março de 2019, de acordo com as previsões de Molion, deve trazer chuvas acima da média do sul da Bahia até o Rio Grande do Norte. Boa parte do Mato Grosso e de Goiás deve ter redução de chuvas, estas que devem ficar de 100mm a 150mm abaixo da média, o que corresponde de 20% a 25% de redução nos volumes. Entretanto, isso não deve afetar o cultivo da soja e nem o cultivo de safrinha.
Sul do país
O Rio Grande do Sul deve ter excesso de chuvas bem na fronteira e condições normais para as Serras Gaúchas. Já Santa Catarina pode ter uma redução dos volumes de 100mm a 150mm. Boa parte do Paraná, por sua vez, deve trabalhar dentro da normalidade e em alguns momentos até abaixo da média. Contudo, é difícil de prever quando a redução de chuvas irá ocorrer e se isso irá coincidir com estágios mais sensíveis de desenvolvimento das plantas.
Comportamento atual do clima
Ele aponta que, neste momento, o comportamento das águas do Pacífico é mais semelhante a um La Niña do que um El Niño. Para ele, a previsão do IRI/CPC não irá se concretizar e nenhuma grande catástrofe deve ser vista nos próximos dois anos. Mas ele acredita que, nos próximos dez anos, haja a tendência de um resfriamento global, que deve atingir com maior intensidade a China e a Rússia. Os estados do Sul e do Sudeste do Brasil poderiam também sofrer alguns efeitos.