Climatologista contesta formação de El Niño e diz que segundo semestre será sob influência do La Niña
As principais agências climáticas dos Estados Unidos apontam para 60% de chance de incidência do El Niño para o segundo semestre deste ano. No entanto, o climatologista Luis Carlos Molion, em várias conversas com o Notícias Agrícolas, apontou que a tendência seria de formação de um La Niña - e ele mantém sua estimativa.
"Todo mundo está apostando, mas eu estou na direção contrária", diz Molion. Ele concorda com o fato de que, neste momento, o Oceano Pacífico apresenta neutralidade. Mas ao contrário das agências, que mostram suas previsões a partir de uma média de 16 modelos dinâmicos e seis modelos estatísticos - entre os quais, alguns apresentam a incidência do La Niña, Molion baseia sua previsão no ciclo modal lunar.
O ciclo modal lunar é a variação da inclinação da órbita da Lua. De acordo com o climatologista, todas as vezes em que o plano de inclinação esteve em seu mínimo, ocorreu um El Niño forte seguido de La Niña. Para obter esse padrão, Molion possui uma tabela que mostra as relações desde o ano de 1885. Com isso, ele lembra que o ano de 2015/16, assim como 1997/98, apontou para este modelo. Logo, o La Niña poderia ocorrer a partir de setembro deste ano.
Em relação às águas aquecidas na costa do Peru e do Equador, ele justifica que o inverno rigoroso do Hemifério Norte foi responsável por "empurrar" a água quente do Oceano Pacífico para fora neste local e enviar para a costa da América do Sul, por meio de um vento do Oeste incidente sobre o Pacífico.
Ele lembra ainda que o Sul e o Sudeste já passam por entradas e saídas mais rápidas das frentes frias, sem produção frequente de chuvas. Isso seria um sinal de que o inverno no Hemisfério Norte já está se enfraquecendo. Com sol no Hemisfério Norte, o Pacífico deve entrar em seu regime normal e permanecer neutro até o mês de outubro.
Com este período neutro, o climatologista destaca que a safrinha brasileira de milho deverá ter um bom andamento, com os resultados esperados obtidos ao final. Chove, mas chove pouco nas áreas produtoras - no entanto, isso seria suficiente para manter a umidade do solo.
A partir de outubro, o novo La Niña instalado deve interferir no padrão de chuvas do ano que vem. De acordo com a correlação linear, o sul do país recebe menos chuvas e o norte e nordeste recebem um aumento das precipitações - o contrário ocorreria em um El Niño.
3 comentários
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Carlos Júnio Cesconetti São Mateus - ES
Entrevista fantástica. Parabéns ao Notícias Agrícolas, e continuem trazendo aos acompanhantes do portal este padrão de qualidade... Sou do Espírito Santo e sofremos demais nos últimos TRÊS anos com a SECA SEVERA e o impacto causado por esta. Torcemos muito pelo fenômeno "La Niña" pois, para minha região, geralmente representa mais chuva.
Importante ressaltar o comentário final do Molion sobre RESERVATÓRIOS. De forma estratégica, no final do ano de 2016 construímos um barramento de porte médio num trecho de um córrego classificado como "bom de água", mas que, em virtude dos baixos índices pluviométricos dos últimos anos, passou a sofrer com a redução de vazão. Este reservatório acumulou sua capacidade máxima 30 dias após a conclusão da obra, aproveitando duas boas chuvas. RESULTADOS: não fosse o investimento, eu e mais dois produtores haveriam perdido toda a produção e lavouras (café e pimenta-do-reino) e provavelmente cairíamos num poço sem saída, uma vez que não conseguiríamos honrar compromissos e também reestruturar as propriedades, pois lidamos com culturas perenes (tornam-se produtivas após dois anos em formação) e de alto valor agregado. O IDAF (órgão responsável por emitir licenças para construção de barramentos no ES) aumentou o número de licenças emitidas no último ano e reduziu consideravelmente o tempo para consegui-las. Contudo, isso podia ter ocorrido a mais tempo e ser ainda mais ágil, claro, respeitando cuidados básicos que devem realmente serem cumpridos. Diga-se de passagem que também poderia haver fomento para tais obras, mas, tratando-se do nosso país, isso é algo mais complexo... Particularmente, o que preocupa, não bastasse as condições naturais, são algumas ações da AGERH (nova agência de recursos hídricos do estado) sobre o uso da água pelo produtor rural, autuando os mesmo devido o uso dos sistemas de irrigação. EXEMPLO nosso (no qual muitos outros se enquadram): fizemos um alto investimos particular, em três produtores, SEM qualquer FOMENTO por parte do Estado ou município, para termos água disponível para irrigação, seguindo todas as normas exigidas, inclusive respeitando a vazão mínima exigida aqui no estado. Fazemos uso de sistema de irrigação localizado, com critérios para tempo de irrigação, fazendo USO INTELIGENTE e RACIONAL de água e nutrientes. Pois bem, a agência tem AUTUADO, sem critérios, produtores de fazer uso desta água armazenada, mesmo nas condições que apresentei. Concordo com restrição de sistemas com menor eficiência e que demandam mais quantidade de água, como sistemas por aspersão, porém DISCORDO da ação SEM CRITÉRIOS, afinal, os IMPACTOS seriam propriedades falidas, sem chance de recuperação, e desemprego para a região. Não vejo lógica nestas ações. Precisamos com pessoas de VISÃO para tomar estas decisões de "o que pode", "o que não pode", "como pode" e não, simplesmente, proibições INCONSEQUENTES.luis fernando marasca fucks Giruá - RS
Excelente entrevista com Luis Carlos Molion. Esse pesquisador tem o meu crédito quando o assunto é clima. (Luis Fernando Fucks, Pres. Apropsoja RS).
Rodrigo Rodrigues Almeida Cachoeira Dourada - GO
Muito obrigado à produção do Notícias Agrícolas pela atenção aos pedidos de entrevista com o professor Luís Carlos Molion.
É uma "aula" de conhecimento. PARABÉNS AO NA... &... OBRIGADO DR. MOLION !!!
nao confio muito nesse molion nao!em outubro em uma entrevista ao noticia agricolas e disse coisas para mim na entrevista que nao bateram nos acontecimentos nao.sei que nimguem e perfeito,mas tenho minhas duvidas.
ERIVEUTON não esqueça que estamos falando de previsão e ainda esta' para nascer a pessoa que acerta 100%