Meteorologia alerta para período seco na região centro-norte do país que pode estender por mais de 20 dias
Um bloqueio atmosférico gera situação de alerta para os produtores do médio norte do país, que devem ficar sem chuvas significativas até a segunda quinzena de novembro. É o que mostra Celso Oliveira, meteorologista da Somar, com base nas previsões para os próximos dias.
O meteorologista explica que, neste ano, as chuvas começaram bem mais cedo do que o normal - a partir de agosto em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e em setembro na região do Matopiba e no leste do Pará, que chegou a receber 165mm de chuva, o que representa um número acima da média de outubro. Mas considerando-se a média histórica do país, é comum que a chuva fique estacionada no Sul do Brasil neste período e que volte em novembro para essas regiões. Isso ligou um sinal de alerta, pois em algum momento a climatologia voltaria ao padrão, e é isso que deve acontecer a partir de agora. "As chuvas diminuem repentinamente. Teremos, nos próximos 10 dias, chuvas concentradas no Sul que podem passar de 200mm no Rio Grande do Sul, com acumulados significativos também em Santa Catarina", explica.
A umidade do solo já está elevada entre Goiás e Minas Gerais, mas a tendência é que ela diminua gradualmente. No momento, as chuvas não devem se regularizar e algumas áreas que foram plantadas podem sofrer risco de replantio, o que se torna um fator alarmante devido ao custo elevado e à falta de sementes.
Entre São Paulo e Minas Gerais, a chuva já deve vir após o dia 20 de outubro. Para o Matopiba, haverá pouca chuva nos próximos 15 dias, mas "não é o tipo de chuva que vai ganhar do calor e não será suficiente para manter a umidade do solo", como detalha Celso.
A situação, portanto, é definida pelo bloqueio atmosférico. Ventos em altitude fazem com que o sistema meteorológico fique preso nos estados do Sul, Argentina e Uruguai. "Se somarmos, muitos municípios devem chegar a mais de 250mm de chuva, ultrapassando a média histórica em apenas 10 dias", aponta. O Paraná, posteriormente ao dia 15, já enfrentará restrição de chuvas. Enquanto isso, o restante do país enfrentará muito calor, com temperaturas chegando entre 35 e 40 graus em algumas regiões.
O bloqueio não deve durar tanto quanto em 2015, uma vez que não há a incidência do El Niño. Neste ano, de acordo com Celso, o Oceano Pacífico não está quente, logo, este bloqueio deve ser rompido a partir do dia 20 de outubro, quando a frente fria avança por São Paulo e pelo leste de Minas Gerais, mas ainda não chega ao interior do país por avançar de forma costeira, logo, estes produtores ainda devem continuar em atenção neste período e esperar as chuvas do segundo semestre de novembro.
A partir da inversão do bloqueio, no entanto, o alerta deve vir para a região Sul, que corre o risco de estiagem regionalizada até o mês de janeiro, com o produtor podendo perceber um maior espaçamento das chuvas.