Primeira geada do ano deve atingir RS, SC e PR na próxima quinta-feira (28), mas sem maiores transtornos para a produção
Após uma forte onda de calor e ar quente, o bloqueio atmosférico que impedia o avanço das chuvas em todo o Brasil Central começa a se dissipar, dando lugar a uma frente fria que trará precipitações a todas as regiões do país.
"Os volumes previstos não serão tão altos como gostaríamos, principalmente para o milho safrinha, mas já trará alivio aos produtores. As chuvas devem ocorrer em todas as regiões do Brasil, chegando até o final da semana no Matopiba", explica o agrometeorologista da Somar, Marco Antônio dos Santos.
Contudo, as volumes previstos para essa semana não serão capazes de reverter às perdas já verificadas na cultura do milho safrinha, especialmente em Goiás, cerrado mineiro, noroeste do Mato Grosso do Sul e leste do Mato Grosso.
O avanço da frente fria sobre o sudeste também reduzirá as precipitações no sul do Rio Grande do Sul e Argentina a partir desta quarta-feira. As regiões vinham sofrendo com o excesso de chuvas que impossibilitou o andamento da colheita de soja, trazendo consequência na produtividade e qualidade dos grãos.
Além da frente fria, os mapas climáticos indicam a chegada de uma massa de ar polar de forte intensidade que derrubará as temperaturas nos estados do sul, sudeste e centro-oeste a partir de quarta-feira (27). Segundo o agrometeorologista esse cenário traz possibilidades reais de geada no norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná até o final desta semana.
Dos dias 26 a 30 de abril, as previsões indicam temperaturas mínimas entre - 3ºC a 6ºC nos estados do sul e no sul do Mato Grosso do Sul. As maiores quedas, de - 3ºC a 0ºC, são esperadas para a região central de Santa Catarina, norte do Rio Grande do Sul e Sul do Paraná (confira o mapa).
O agromeorologista avalia, porém, que as ocorrências de geadas não atingirão as grandes áreas de produção do cereal. No entanto, "essas lavouras de milho estão com um forte estresse hídrico, então será que esse frio associado a alguns ventos não podem causar estragos, já que as plantas já estão debilitadas?", questiona Santos.
Em condições normais, o agrometeorologista afirma que a geada e quedas nas temperaturas não trariam danos expressivos na produção. O problema, contudo, é avaliar se as lavouras, já prejudicadas, consideram suportar a mudança climática.
Com o avanço do outono e a dissipação da frente fria, o tempo volta a ficar seco a partir de maio. Segundo Santos, o El Niño está perdendo força rapidamente, trazendo condições de normalidade para o clima. Assim, a estação, como é característica, terá um volume menor de precipitações que dependerá do avanço das frentes frias.