Chuvas voltarão ao MATOPIBA nos próximos dias com volumes acumulados de até 150 mm. E no Sul haverá redução de chuvas

Publicado em 01/03/2016 18:39
Incerteza sobre intensidade e presença do La Niña aumenta especulações sobre clima para nova safra nos EUA

Por Aleksander Horta e Larissa Albuquerque

Com o avanço da frente fria, que neste momento traz chuvas ao sul e sudeste do país, a região nordeste deve voltar a receber volumes acumulados de até 150 mm nos próximos dez dias.

Durante todo o mês de fevereiro, as chuvas não passaram dos 90 mm no Mapitoba e muitos produtores já registram prejuízos devido à seca e as altas temperaturas. As situações mais graves encontram-se no Oeste da Bahia, onde o calor excessivo tem causado escaldadura, e a deterioração (cozimento) da raiz.

De acordo com o meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Marcelo Schneider, a tendência para os próximos dias é que as chuvas avancem em parte da região central e norte do país. Sendo que "a parte mais volumosa ficará entre São Paulo, Minas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul", explica.

No Matopiba as precipitações podem superar os 100 mm, especialmente no norte do Tocantins e sul do Maranhão. A excessão fica com o oeste da Bahia, que embora também receberá chuvas, os volumes ficarão a baixo da média da região, entre 60 a 70 mm.

Segundo ele, o centro norte do Paraná também deverá ter chuvas acima de 100 mm nas próximas 48hs a 72hs, o que poderia atrapalhar a evolução da colheita da soja (51%) e plantio do milho safrinha (70%), nessa região.

Essa normatização das chuvas se dá "pelo fato da oscilação de Madden Julian que regula as chuvas nesta época do ano na região central do país", destaca o meteorologista. Estas oscilações caracterizam-se por um deslocamento para leste de uma célula zonal de grande escala termicamente direta, que causa variações na convecção tropical.

Nas previsões, conseqüência da ação de oscilação de Madden Julian, os estados que deverão receber volumes menos expressivos estão: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul do Paraná e Leste da Bahia.

Schneider explica que a influencia da oscilação, que traz o canal de umidade para o centro norte do país, deve permanecer durante a próxima semana. Posteriormente "irá retornar a influencia mais direta do El Niño, fazendo com as chuvas desçam novamente para o sul do país e a região nordeste e centro-oeste permanecem com precipitações isoladas", destaca.

Probabilidade de chuvas março, abril e maio

De acordo com o meteorologista, apesar do enfraquecimento, perdendo cerca de 1ºC desde o final do ano passado, o El Niño ainda mantém as águas do Pacifico 2ºC acima da média e deverá continuar influenciando o clima no Brasil nos próximos dois a três meses.

"Os meses de outono terão sim, mesmo que em uma intensidade não tão forte, a influência do fenômeno El Niño. Isso significa uma área de confiança maior (grandes volumes de chuvas) na região sul, como normalmente ocorre, mas principalmente entre o norte do Rio Grande do Sul e o estado de São Paulo", destaca Schneider.

Segundo as previsões do Inmet, para a região central do país, no período de transição entre outono e inverno, as chuvas devem ocorrem dentro da normalidade, em alguns casos acima da média.

Pelas probabilidades, "outra área de deve ser beneficiada com a chuva - entre março, abril e maio, incluiria a maior parte de Minas Gerais, a região central do Goiás e sul de Tocantins", acrescenta o meteorologista.

A preocupação continua sendo com o nordeste, principalmente na costa norte, onde os volumes não devem passar dos 60 mm.

EUA: Incerteza sobre intensidade e presença do La Niña aumenta especulações sobre clima para nova safra

Por Carla Mendes

Enquanto no Brasil as condições climáticas exigem atenção dos produtores para a conclusão da safra 2015/16, nos Estados Unidos, as especulações sobre as previsões ganha cada vez mais o foco dos produtores locais e já briga por espaço entre os negócios do mercado internacional. 

E a maior questão que vem sendo feita sobre a temporada norte-americana 2016/17 é se ela será ou não afetada pelo La Niña que poderia vir seguido de um dos maiores El Niños de todos os tempos. A formação do fenômeno ainda não foi completamente confirmada, porém, os meteorologistas já começam a sinalizar sua chegada. 

Fato é que, caso o La Niña se desenvolva e se consolide logo após o atual El Niño, ele tem tempo de impactar a safra dos Estados Unidos de 2016, caso isso não aconteça e ele chegar mais tarde, os efeitos deverão ser sentidos com maior intensidade apenas em 2017, segundo explicam especialistas norte-americanos. 

A ilustração acima, do NOAA, mostra os impactos do La Niña pelo mundo

No entanto, as atuais previsões do NOAA (Administração Nacional Atmosférica e Oceânica dos EUA) já indicam, como relata Ken Scheeringa, um climatologista associado do estado americano de Indiana, que este verão deverá ter condições de tempo mais quente e seco do que o normal. 

Entretanto, o U.S. Drought Monitor, um serviço do departamento norte-americano de meteorologia, mostra que o Meio-Oeste vem registrando seu maior período, desde 2005, livre da seca. A exceção fica apenas por conta de alguns poucos condados ao norte de Minnesota que têm se mostrado mais secos do que o natural para esta época. 

Mapa do U.S. Drought Monitor mostra o Corn Belt livre da seca (área em branco no centro do mapa)

Segundo o meteorologista do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), Brad Rippey, a última vez que o Meio-Oeste americano viu um período de oito semana com um clima quase nada seco foi em 2005. Há uma intensificação destas condições de estiagem, portanto, apenas em pontos localizados, ainda de acordo com o último reporte do U.S. Monitor. 

Mapa mostra o Cor Belt, maior parte nas áreas em branco, com níveis favoráveis de umidade
Fonte: NOAA

Para os próximos 90 dias, como explicou o meteorologista Mike Hoffman, do portal norte-americano AgWeb, as preciptações deverão ficar acima da média no Sul, Sudoeste e nas Grandes Planícies, enquanto o Ohio Valley e a região dos Grandes Lagos deve ter chuvas abaixo da média até maio. 

Chuvas acumuladas nos EUA até o dia 1º de março foram de 127 a 254 mm no Meio Oeste
Fonte: AgWeb

Reflexos nos preços 

Os futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago há meses caminham de lado diante da ausência de especuladores no mercado e da falta de novidades entre os fundamentos. 

E para o diretor de inteligência de mercado da Cerealpar Corretora e consultor do Kordin Grain Terminal de Malta, na Europa, essa situação pode mudar caso as condições de clima no Meio-Oeste americano se confirmem desfavoráveis para este novo ano safra. 

"Na atual conjuntura do mercado, só mudanças no clima dos Estados Unidos que trouxessem um problema sério poderiam mudar o andamento do mercado", diz. "Porém, ainda é cedo para sabermos qual será o impacto do clima na nova safra americana, e isso só será possível a partir do período que vai de maio e julho. Aí sim pode haver mais especulação", completa. 

Fonte: Notícias Agrícolas

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