El Niño perde força mas continua influenciando clima até início do outono no Brasil. EUA terá condições favoráveis para início do plantio

Publicado em 22/01/2016 13:06
La Niña deve chegar apenas no segundo semestre, pode atrasar início das chuvas no Brasil mas depois dará regularidade às precipitações

O fenômeno climático El Niño de 2015/16, um dos três mais fortes dos últimos 50 anos, começou a perder força, mas deve continuar influenciando o clima no Brasil até o outono.

Com o resfriamento das águas do pacifico a possibilidade de termos a safra 2016/17 influenciada por outro fenômeno climático é grande. O La Niña pode trazer condições climáticas bastante adversas ao que ocorreu nas safras 2014/15 e 2015/16 do Brasil.

Segundo o agrometeorologista da Somar, Marco Antônio dos Santos, ainda sobre influencia de El Niño nos próximos meses as chuvas devem retornar ao sul do Brasil e diminuírem de intensidade na região norte.

Neste sentido, poderemos ter um retorno das precipitações no mês de maio para a região central do país, favorecendo o desenvolvimento do milho safrinha e das culturas de segunda safra. "Nós só não veremos mais a influencia do El Niño provavelmente ao longo do outono e principalmente no inverno", acrescenta o agrometeorologista.

La Niña

Apesar de não confirmado, a possibilidade do esfriamento das águas do pacífico no segundo semestre de 2016 são consideráveis. De acordo com agências meteorológicas de todo o mundo, dos últimos 15 eventos de El Niño, 11 foram seguidos de La Niña.

Segundo Santos, caso o fenômeno climático se confirme poderemos ter um inverno mais rigoroso no Brasil, "pois as massas de ar polar entram com mais facilidade no território brasileiro", e esse cenário é favorável ao desenvolvimento de geadas, principalmente as tardias a partir de junho.

Além disso, na transição entre o inverno e a primavera as previsões indicam um período de pouca chuva no sudeste, centro-oeste e matopiba, ao contrário de sul onde espera-se chuvas, ainda que em volumes menores do que ocorreu no ano passado.

"Esse cenário é uma boa tendência para as culturas de inverno como o trigo, que foi extremamente castigada por conta da chuvarada que ocorreu nas duas últimas primaveras", explica Santos.

Na primavera, devido a La Niña, podemos ter um atraso na chegada das chuvas principalmente do Brasil Central, mas de maneira oposta ao que ocorreu na temporada 2015/16, mesmo com o retardamento das precipitações, elas deverão retornar em outubro com maior regularidade, sendo benéfico para o desenvolvimento das lavouras de verão.

Para o sul, o período do verão dependerá da intensidade que o fenômeno climático alcançará. Segundo Santos, quanto mais forte o La Niña, menos chuvas chegarão aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e podendo incluir também o sul do Mato Grosso do Sul.

EUA

Nos Estados Unidos, o enfraquecimento do El Niño também será favorável para a implantação das lavouras, principalmente o milho. De acordo com o agrometeorologista, as temperaturas mais altas favorecem o degelo da neve e facilita o aquecimento da temperatura do solo.

A possibilidade de La Niña, no entanto, não é benéfica para o desenvolvimento das lavouras dos Estados Unidos. No meio-oeste há possibilidade de períodos prolongados de estiagem durante o verão norte-americano.

"Agora se nós vamos ter quebras significativas nas lavouras americanas, isso é outro detalhe, porque vai depender muito das chuvas na primeira. Porque lá o regime de armazenamento de água é diferente do Brasil, então se chover bem na primavera os impactos são mínimos no verão, mas de qualquer forma é um ano de se olhar para os Estados Unidos", alerta Santos.

Por: Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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