Similaridade com El Niño de 1957 pode provocar ainda mais chuvas no Sul e redução das chuvas de primavera no Centro-Oeste, alerta o prof. Molion
A formação no El Niño neste ano tem ocorrido a leste do Oceano Pacífico, uma região que é menos monitorada pelo NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosferas dos Estados Unidos) por considerar que os efeitos do fenômeno nesta região tem menos impacto para o clima na América do Norte. No entanto, o El Niño deste ano já registra um aquecimento das águas do pacífico com temperaturas de até 2° acima da média.
Segundo o climatologista Luiz Carlos Molion, quando esse evento ocorre mais próximo à costa da América do Sul - como é o caso deste que estamos vivenciando - os impactos sobre o clima no Brasil são maiores. Com isso, devemos ter mais chuvas no Sul do país e uma redução das chuvas no Centro-Oeste na primavera.
Essa formação do El Niño é parecida com as condições encontrada no fenômeno que ocorreu em 1957 "quando a temperatura chegou aproximadamente a 2° acima do normal", afirma Molion. O El Niño de 1957 provocou chuvas intensas no sul e sudeste no período junho-outubro semelhante ao que está ocorrendo agora, bloqueando as frentes frias temporariamente e desviando-as para o atlântico, por onde seguiram ao longo da costa leste, produzindo chuva na faixa litorânea da Bahia e dos estados do nordeste.
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De acordo com Molion, o fenômeno de 1957 deu continuidade no aquecimento das águas no pacífico também em 1958, por isso o climatologista acredita que há possibilidades desse efeito também acontecer no próximo ano, com a formação de um El Niño em 2016.
"As semelhanças são excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, Santa Catariana e Paraná, se estendendo pelo Paraguai e Bolívia. Temos outra semelhança que é o excesso de chuvas no litoral da Bahia e Nordeste", explica.
Uma das características deste El Niño que ocorreu em 1957 e se assemelha com o deste ano é a formação de uma massa de ar seco no centro do país que bloqueia a entradas das frentes frias e provoca um grande volume de chuvas no sul e litoral do Brasil.
Casos as condições climáticas neste ano se confirme com a tendência vivenciada em 1957, devemos ver as chuvas saindo do sul do país somente em outubro e posteriormente novembro e dezembro com precipitações abaixo da média de longo prazo.
De acordo com os mapas do clima em 1957 a partir de setembro o registro de chuvas em regiões produtores de grãos ocorreu em baixa intensidade, "isso significa que o produtor tem que tomar cuidado ao lançar as sementes porque notamos que em setembro, outubro e novembro o Centro-Oeste e Norte teve uma redução de 40 mm a 60 mm, o que significa que as chuvas não vão se estabelecer como se esperara nesse período", afirma o climatologista.
Com essa tendência se confirmando os produtores devem ficar atentos a janelas de plantio de soja e milho, pois é possível que "outubro seja mais seco que o normal e as chuvas comecem a se firmar só no final de novembro, então temos o risco de perder um pouco da soja para garantir o plantio do milho", analisa Molion.
Para a região Sudeste, maior produtora do café do país, a previsão de similaridade aponta que poderemos ter os meses de outubro, novembro e dezembro com chuvas ligeiramente a baixa da média histórica, mas possivelmente não veremos um período longo de escassez de chuvas como aconteceu em 2013 e 2014. “A característica desse período é de redução no número de dias chuvas, mas em compensação as chuvas são mais intensas, tal qual mesmo reduzindo o número de dias o fechamento do mês tenha apenas um déficit de 10% a 15%”, explica o climatologista.