Governo toma medidas para beneficiar indústria automobilística, mas se esquece da alimentar, que é a maior do País
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Governo toma medidas para beneficiar indústria automobilística, mas se esquece da alimentar, que é a maior do País
O Governo Federal anunciou na última semana um programa do carro popular, que prevê uma redução de preços entre 1,5% e 10,96% em modelos de até R$ 120 mil. Marcelo Prado questionou no Conexão Campo Cidade as recentes dificuldades que o produtor rural está passando com a queda nos preços dos grãos, mas não recebe a mesma atenção.
“Por que o setor de montadoras de automóveis consegue tocar o coração do ministro Alckmin? Ele poderia poderia, junto com o Ministério da Agricultura, construir esse planejamento estratégico para o crescimento do agro”, questionou Marcelo Prado.
Como resposta, José Luiz Tejon afirmou que é mais fácil mirar no automóvel, porque com o agronegócio é mais difícil obter “sucesso de audiência”. Antônio da Luz também criticou a medida anunciado pelo Governo, que ainda precisa de aprovação do Ministério da Economia.
“Eu não gosto desse tipo de medida. Dar incetivo à indústria automobilística é política dos anos 80. Setor de veículos não está sequer entre as cinco maiores indústrias brasileiras”, declarou Antônio da Luz. De acordo com ele, a política econômica tem que ser horizontal, com incentivos que beneficiem a todos, não um setor específico, como melhorias de estradas, melhoria da Educação, incentivo em pesquisa e tecnologia, etc.
Falta de planejamento em cadeia integrada para o Brasil
Como o agronegócio brasileiro é responsável por 30% do PIB nacional, é através dele que precisam passar as estratégias de crescimento do País, conforme afirmou José Luiz Tejon. Para ele, existem diversas oportunidades de crescimento em todos os setores da agropecuária para dobrar o tamanho do agro. “Sinto falta de algo que está madura e que a gente está faltando colher, com planejamento estratégico do agronegócio brasileiro, porque o agro é a indústria de todas as indústrias”, declatou.
“Temos oportunidades de industrialização no antes da porteira, muito mais atividades industriais em princípios ativos, atividades industriais, em insumos, em bioinsumos, em mecanização, irrigação, atividades industriais para desenvolvimento do biogás, do biometanos, de biodigestores”, continuou Tejon.
Segundo ele, há uma oportunidade de indústrias no antes da porteira gigantescas, porque há uma dependência muito grande de partes industriais que são realizadas fora do Brasil. “O agro é a indústria de todas as indústrias. Se progredirmos com esse sistema que hoje é 30% do PIB, vai ter mais demanda para automóvel, moda, construção, mais demanda para tudo, porque ele irriga todas as demais indústrias”, concluiu.
Participação do Governo no Plano Safra e o aumento do crédito privado
Antônio da Luz destacou que no Brasil é muito maior os crédito privados dentro do Plano Safra. Segundo ele, cada vez mais a importância do Governo fica na parte do anúncio e cada vez menos no papel de dar crédito. Essa função tem sido do setor privado. “Não tenho boa expectativa para o Plano Safra. Não tem orçamento da União para que haja uma maior parte de recursos controlados. Mas não vai faltar dinheiro, vai faltar recursos controlados, mas dinheiro não vai faltar, porque existe toda uma estrutura para geração de recursos via mercado, que atendem em ofertar de recursos, mas não em juros subsidiados”, explicou.
Ou seja, o setor privado tem condição de disponibilizar o crédito necessário para financiamento dos produtores rurais. Entretanto, a barreira que existe hoje é a dos juros altos. "A oferta de crédito está solucionada, agora a questão é baixar juros", frisou Antônio da Luz.
Conforme ele afirmou, uma solução seria o BNDES participar como um garantidor de crédito para diminuir os juros. “Aqueles custos administrativos e tributários que o governo paga para cooperativas de créditos e bancos, será que nós não poderíamos utilizar para termos um fundo de garantia contra inadimplência e isso baixar o risco e consequentemente o juros para investimentos?”, questinou.
Inflação de alimento na Europa chega da 16,6% nos últimos 12 meses
Outro assunto apresentado por Antônio da Luz é de que a inflação dos alimentos na Europa acumula alta de 16,6% em 12 meses. Segundo ele, países como Croácia e Hungria começaram a congelar preços e racionar venda de alimentos.
“Isso acontece 10 dias após a 'Lei do Desmatamento', que propõe não comprar alimentos de países que tenham desmatado, ainda que legalmente. Como se na Europa a agricultora não fosse feita em áreas desmatadas”, destacou. Para Antônio, isso demonstra que governos europeus fizeram uma opção para os produtores de lá e não para os consumidores e isso trará uma grande consequência.