Café: Após susto em julho, NY encerra primeira semana de agosto consolidando preços na casa dos 170 cents/lbp

Publicado em 06/08/2021 15:50 e atualizado em 06/08/2021 17:09
Rabobank destaca fatores importantes daqui pra frente: Exportações do Brasil, logística global, variante Delta e principalmente o retorno das chuvas no parque cafeeiro
Guilherme Morya - Analista do Rabobank

Podcast

Entrevista com Guilherme Morya - Analista do Rabobank sobre o Mercado do Café

A primeira semana de agosto chega ao fim com preços do café arábica consolidados na casa de 170 cents/lbp na Bolsa de Nova York (ICE Future US). Passado o pânico geral no mercado de café, após a geada do dia 20 de julho, os contratos encerram a semana com desvalorização de 0,51%. 

Setembro/21 teve queda de 90 pontos, valendo 176 cents/lbp, dezembro/21 registrou baixa de 85 pontos, cotado a 179,05 cents/lbp, março/22 teve queda de 80 pontos, cotado a 181,70 cents/lbp e maio/22 registrou baixa de 75 pontos, valendo 182,90 cents/lbp. 

Apesar da baixa neste pregão, o café tipo arábica avançou 1,85%, no contrato setembro/21, no acumulado semanal no mercado futuro. De acordo com Guilherme Morya, analista de mercado do Rabobank, a tendência é que os preços continuem nesses patamares até, pelo menos, o mês de setembro - quando o retorno das chuvas voltar a ditar um novo ritmo de negociação na Bolsa e também no mercado físico. 

"O café teve um mês de julho muito agitado e agora aparentemente está devolvendo um pouco dessa alta. Da mesma forma que subiu muito rápido, também caiu muito rápido. Isso tudo é um efeito de um pânico muito grande que o mercado passou", comentou em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

O cenário segue sendo de preços firmes para o café, principalmente porque o Brasil já está colhendo uma safra menor, primeiro pela bienalidade e depois pela seca prolongada no parque cafeeiro. Para a safra do ano que vem, as incertezas quanto ao tamanho da produção aumentaram após a passagem do frio intenso.

"O que a gente não precisava era um problema que pudesse afetar o próximo ciclo. Então agora o mercado se acomoda entre 1,70 e 1,80, esperando mais novidades para o próximo ciclo brasileiro", acrescenta. 

Além das questões do lado produtivo, o analista destaca que o setor cafeeiro também está com as atenções voltadas para a demanda, que tem expectativa de aumento em importantes polos consumidores como Estados Unidos e Europa, com a retomada do consumo fora do lar, mas também em alerta para a variante Delta que vem provocando um aumento expressivo no número de contágio nessas áreas. 

Os impasses logísticos seguem no foco do café. Morya comenta que o aumento dos fretes marítimos vem impactando o agronegócio global, o que acaba também impactando de certa forma os embarques do Brasil. O mercado aguarda também a divulgação do relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) referente ao mês de julho, mas o analista destaca ser muito difícil o Brasil apresentar um novo recorde. "Dado que esse problema da logística vem acontecendo, é algo global. Acho que nos próximos meses esse é um foco muito importante que temos que acompanhar nesse mercado", acrescenta. 

Na Bolsa de Londres, o café tipo conilon também encerrou a semana com desvalorização. Setembro/21 teve queda de US$ 21 por tonelada, valendo US$ 1743, novembro/21 teve baixa de US$ 28 por tonelada, cotado a US$ 1754, janeiro/22 teve queda de US$ 27 por tonelada, valendo US$ 1755 e março/22 teve baixa de US$ 25 por tonelada, valendo US$ 1756. No acumulado semanal, o contrato referência no mercado, setembro/21, teve recuo de 0,57%. O café tipo conilon segue tendo suporte na redução de oferta do Vietnã, maior produtor do grão. 

"A escassez de contêineres na Ásia limitou as exportações de café conilon do Vietnã. O Escritório de Estatísticas Gerais do Vietnã informou na quarta-feira passada que as exportações cumulativas de café do Vietnã de janeiro a julho caíram -9,3%", acrescenta a análise do site Barchart. 

No Brasil, o mercado físico teve um dia de estabilidade nas principais praças de comercialização do país. 

O tipo 6 bebida dura bica corrida teve alta de 0,49% em Poços de Caldas/MG, negociado por R$ 1.035,00, Araguarí/MG teve queda de 0,98%, valendo R$ 1.015,00 e Franca/SP teve alta de 1%, valendo R$ 1.010,00. Guaxupé/MG manteve a estabilidade por R$ 997,00, Patrocínio/MG manteve por R$ 1.015,00, Varginha/MG por 1.005,00 e Campos Gerais/MG por R$ 1.006,00.

O tipo cereja descascado teve alta de 0,43% em Poços de Caldas/MG, valendo R$ 1.155,00. Guaxupé/MG manteve a estabilidade por R$ 1.050,00, Patrocínio/MG manteve a negocição por R$ 1.060,00, Varginha/MG por R$ 1.060,00 e Campos Gerais/MG manteve por R$ 1.066,00.

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Após muita volatilidade bolsa de Londres encerra sessão desta 6ª feira (20) com quedas nas cotações futuras
Café em Prosa #195 - Museu do Café passa por reposicionamento institucional e ganha nova identidade visual
MAPA avança na assinatura dos contratos para desembolso de recursos do Funcafé para a Cafeicultura
Mercado cafeeiro segue volátil no início da tarde desta 6ª feira (20)
Futuros do café robusta recuam e saca volta a ser negociada na faixa dos US$ 4 mil/tonelada no inicio desta 6ª feira (20)
Safra de café 25/26 do Brasil deve cair 5%, para 62,45 mi de sacas, diz Safras
undefined