Cafés do Brasil tem boa chance de recuperar o terreno em 2020; mais oferta, mais preços

Publicado em 29/11/2019 18:02
Entrevista com Guilherme Morya - Analista da Rabobank
Guilherme Morya - Analista da Rabobank

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Dados da Rabobank indicam que o número de produção do café brasileiro é de 66,67 milhões de sacas, desse montante o tipo arábica representa 45,9 milhões de sacas. Apesar dos números serem expressivos, Guilherme Morya, analista sênior do Rabobank, tem uma perspectiva positiva para os preços no ano que vem.

"Na verdade, mesmo com essa grande produção que a gente prevê, é importante lembrar que o mundo do café vem de um déficit global no ano que o Brasil acabou de atravessar a bienalidade negativa de produção e as outras regiões produtores também tiveram problemas de produção", afirma o analista. Segundo Guilherme, entre os principais problemas enfrentados por outros produtores estão o clima e desinvestimentos nas lavouras.

O analista destaca que o mercado passa por um momento de déficit e inclusive o mercado já está precificando o déficit global que acontecerá e os preços começarão a melhorar. "Para o próximo ciclo a gente está prevendo sim, essa safra boa para o Brasil, em virtude de novas áreas produtivas do café. No entanto, apesar dessa boa produção, o resto do mundo não vai acompanhar as boas produções que a gente teve no último ciclo de alta", afirma.

No último ciclo de alta da produção, é estimado que o superávit seja de 6.1 milhões. "Neste próximo ciclo 20/21, que é o que a gente está achando que o Brasil tem potencial para produzir outra boa safra, o superávit será apenas de dois milhões. Ou seja, a gente vem de um déficit de 3.1 milhões e depois de um superávit bem abaixo do que o mercado está acostumado, em virtude disso a gente começa a projetar uma melhora gradual no mercado de café", afirma.

Segundo Guilherme, a parte do consumo é muito sensível e pode ter um impacto positivo se países da Ásia de modo geral passem a consumir mais o café. "A gente vê uma demanda crescente de café e por outro lado a oferta, muito em virtude dos preços que a gente enfrentou o mundo não está acompanhando a produção. Com exceção do Brasil que a gente vê que continua sendo um país muito competitivo e Vietnã que também possui um custo de produção competitivo", afirma.

Depois de três anos com preços baixos, o mercado do café começa a ter altas nos valores. "A gente saiu de um patamar de 90 centavos, 95 centavos em Nova York para U$ 1,15 e existe potencial para incremento adicional ao longo de 2020", afirma.

Segundo o analista, os números podem alcançar US$ 1,22 l/p. "É importante lembrar que em março efetivamente a gente tem um número mais conclusivo do que será a safra do Brasil. É importante lembrar que nosso outubro não foi muito bom, novembro já choveu um pouco abaixo da média, então é importante analisar muito bem esse número em março", destacou.

Ele destaca ainda que a causa na quedas dos preços foi exatamente o excesso de produção das últimas safras. "Em 2018 o Brasil colheu sua safra recorde e o resto do mundo também colheu boas safras, ou seja, um excesso de oferta muito grande no mercado. A partir desse momento houve uma queda de preços, inclusive o Brasil nunca exportou tanto café como agosto do ano passado em diante", comenta. 

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Fonte: Notícias Agrícolas

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