Café: Produtores contestam última projeção da Conab para a safra 2018
Na última semana, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reportou sua nova estimativa para a safra 2018 de café. A expectativa é que sejam colhidas entre 54 milhões a 58 milhões de sacas do grão. No café arábica, a projeção é de uma produção entre 41 milhões até 44 milhões de sacas. Porém, os produtores contestam a projeção e reforçam que os números não condizem com a realidade do parque cafeeiro.
"Essa é uma projeção que não condiz com a nossa realidade, o número está muito alto e não temos essa produção aqui. Com isso, muitos produtores questionam essas informações. Na nossa região, temos muitas lavouras esqueletadas e que registraram problemas com a queda dos chumbinhos", ressalta Alexandre Maroti, cafeicultor de Nova Resende, em Minas Gerais.
Inclusive, o produtor rural destaca que a expectativa é de uma safra próxima de 50 milhões de sacas nessa temporada. "Na nossa região, por exemplo, apesar de ser ano de bienalidade alta deveremos ter uma queda de 30% em relação ao ciclo anterior. Era para ter mais café, mas os pés estão vazios, só têm folhas", completa Maroti.
Os cafezais da região também foram castigados com as adversidades climáticas. Depois do abortamento da florada, a queda dos chumbinhos, registrada no final de dezembro, também trouxe prejuízos à safra, ainda conforme diz o produtor rural. Nesse momento, a preocupação é com a ausência de chuvas, que já dura mais de 15 dias, e das altas temperaturas.
"Cenário que pode prejudicar a granação do café. A chuva nesse momento é essencial para não termos grãos chochos. Precisamos de precipitações regulares no mês de fevereiro até o início de março. E estamos atentos também aos problemas com a broca, que tem ocasionado apreensão nas áreas que não são mecanizadas", explica Maroti.
Mercado
Os cafeicultores seguem atentos ao mercado e preocupados com o impacto da projeção da Conab na formação dos preços. Atualmente, a saca de café de bebida boa é cotada ao redor de R$ 410,00, valor que não cobre os custos de produção, que permanecem elevados.
"Com isso, quem depende só do café está cortando os tratos culturais na tentativa de equilibrar as contas", finaliza Maroti.