Aumento dos estoques americanos, valorização do dólar e expectativa de super safra no Brasil em 2018 dão tom baixista ao café NY
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures Group) perdeu o patamar dos US$1,40/lb e opera agora em torno dos US$1,30/lb. De acordo com o analista de mercado Marcus Magalhães, da Maros Corretora, o mercado, em função de algumas variáveis, entrou em uma espiral de baixa e "derreteu".
Segundo Magalhães, alguns fatores são fundamentais para compreender essa baixa, como a alta da semana retrasada sem sustentação, a proximidade da safra brasileira, o dólar acima dos R$3,10 e os maiores nívies de estoques de café nos Estados Unidos desde 1994. Também há indícios de que o consumo mundial de café não vem ganhando a velocidade que todo mundo achava que ele iria ganhar no curto prazo.
Para o analista, o mercado começa a entender "um jogo muito perigoso". As variáveis em destaque olham para o futuro, em 2018, baseadas em boas condições climáticas para a safra do próximo ano no Brasil, o que será representativo para abastecer as demandas mundiais. Se isso não vier a acontecer, "o mercado pode explodir", aponta.
Os produtores, por sua vez, não estão satisfeitos com esses patamares de preço. O momento, porém, não é de pânico, como alerta Magalhães, e sim de cautela e sangue frio. Serão 60 dias de muita turbulência tanto a nível internacional quanto a nível interno, mas, após isso, o mercado não deve trazer medo, já que não há estoque suficiente no Brasil para atender as demandas.
Com isso, caso surja uma oportunidade convidativa que pague os custos dos produtores, Magalhães destaca que "não é momento de segurar café e nem de apostar em um final de ano gordo".
No café conilon, caso haja uma entrada de oferta de forma desordenada após a colheita, é possível que os preços cedam um pouco, já que não haverá reciprocidade compradora. Para o arábica, como falta um maior período para a safra chegar e essa safra deverá ser bem menor, Magalhães não acredita em grandes derrocadas.
Do lado do prejuízo, ele avalia ainda a tributação do Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural (Funrural). Para o analista, o presente e o futuro não preocupam e não devem preocupar o produtor. No entanto, o passivo tributário dos últimos cinco anos é "inimaginável", somando mais de R$54 bilhões. "Ninguém tem dinheiro para pagar o retroativo", afirma.