Definição sobre importação do café fica para janeiro, mas produtores são contrários à medida e alegam que não falta produto
Após um ano onde os preços não reagiram como esperado, os cafeicultores encerram 2016 com mais uma preocupação: a autorização para importação de café.
A decisão ficará para janeiro, mas os produtores esperam que o governo não aprove a medida que poderá pressionar os preços no mercado interno, além de trazer riscos sanitários à produção brasileira.
Conforme explica o presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), Dep. Silas Brasileiro, “em reunião do Conselho Nacional do Café, os conselheiros entenderam não ser oportuna a importação de café, então encaminhamos ao Ministério da Agricultura a carta de recomendação”, diz.
As indústrias, por outro lado, reclamavam da baixa disponibilidade do conilon no mercado brasileiro, prejudicando o abastecimento. Então, o deputador Evair de Melo (PV-ES) realizou, de forma autônoma, um levantamento de estoques no Espirito Santo, constatando o montante entre 4,5 a 5,5 milhões de sacas de café conilon disponíveis no Estado.
Diante do impasse da oferta e as orientações do CNC, o Ministério da Agricultura, por meio do ministro Blairo Maggi, determinou um levantamento oficial dos estoques de robusta no Espírito Santo. “Esse levantamento será realizado até 15 de janeiro, quando efetivamente teremos uma definição desse cenário”, declara Brasileiro.
Segundo o presidente, a oferta inicialmente estimada entre 4,5 a 5,5 milhões de sacas, seria capaz de atender as necessidades do mercado, considerando a mudança do blend na torrefação das indústrias, utilizando mais arábica; e de que, a partir de janeiro, novos leilões serão autorizados para dar vazão a 720 mil sacas de café às indústrias.
“Temos ressaltado essa questão de que o Brasil, apesar dos estoques baixos, continua com café suficiente para atender toda a demanda interna e externa”, acrescenta o presidente. Após dois anos de produções frustradas, os cafeicultores puderam contar safra cheia neste ano.
Os preços pouco remuneradores, porém, desestimulam as vendas. “Há oferta disponível, desde que tenhamos preços remuneradores aos produtores”, acrescenta. Para Brasileiro, hoje os cafeicultores teriam uma boa cotação com a Bolsa de Nova York precificando próximo a US$ 1,80/lb.
Outro fator importante na consideração sobre a autorização de importação, é a possibilidade de entrada de doenças no parque cafeeiro do Brasil. “Não queremos repetir o que aconteceu com o cacau, foi um experiência amarga e estaremos sujeito a isso se autorizarmos a importação”, alerta Brasileiro.