Cenário é positivo para os preços do café com demanda firme, oferta apertada e produtores contidos na venda
O mercado brasileiro do café vive um momento inusitado, onde os preços do café conilon atingem maiores patamares do que os preços do café arábica de boa qualidade. Fatores como a quebra da última safra do café conilon e os baixos estoques de passagem criam o cenário para esta situação, gerando um quadro de instabilidade que deve continuar mais à frente.
De acordo com Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, "ainda não dá para ter certeza de nada", mas outros fatores, como o dólar desvalorizado em relação ao real, a boa demanda por parte do consumidor brasileiro e as mudanças do quadro político e econômico no Brasil também serão essenciais para desenhar os caminhos a serem seguidos nos preços.
Os negócios, segundo Carvalhaes, também saem todo dia, uma vez que o produtor "precisa fazer dinheiro", mas os produtores mais capitalizados estão fora do mercado, aguardando por preços melhores.
Ele lembra que dois recordes de exportação foram batidos em 2014 e 2015, ao mesmo tempo em que as lavouras de café também enfrentaram dois anos de secas extremas. Os estoques de passagem foram esgotados e o Brasil, agora, "só conta com o café que colheu". Para a safra do próximo ano de arábica, não há estimativas de que possa ser maior do que a atual, o que gera patamares apertados para o país. A safra de conilon, por sua vez, repetirá a deste ano ou deverá ser menor, mas os números exatos só virão à margem no primeiro semestre de 2017.
Carvalhaes, no entanto, não aposta em uma baixa no mercado de café, apesar de ser difícil enxergar o mercado nos próximos meses. "O mundo precisa de café e o consumo interno brasileiro continua crescendo. Apesar da crise, o brasileiro consome café em qualquer condição", destaca.
A partir do momento em que os preços do café conilon e do café arábica também se encontram atípicos, é preciso observar como os torrefadores irão reagir em seus blends de café, que atualmente levam cerca de 50% do conilon. A tendência é de que haja um maior uso do arábica de menor qualidade nesses blends.
"Ainda não sabemos como abastecer o mercado interno e cumprir com as exportações, mas tudo indica que o cenário é mais positivo do que negativo", diz Carvalhaes.