Pela primeira vez em 15 anos de série histórica do Cepea, café conillon supera preço do arábica e se aproxima dos R$ 520,00
Com o clima adverso no Espírito Santo, a produção de café conilon enfrentou problemas e a quebra foi bastante significativa na produção local. Devido a este cenário, que gerou uma oferta restrita, nesta quinta-feira (20) os indicadores para este tipo de café superaram os indicadores do café arábica nos índices do Cepea.
De acordo com Renato Garcia Ribeiro, pesquisador do Cepea, o indicador do robusta tipo 6 fechou a R$518,58, enquanto o café arábica atingiu R$507,50. "Pensando em valores gerais, o arábica sempre foi mais valorizado. Isso mostra um quadro bem complexo em relação aos preços do próprio café conilon", destaca o pesquisador.
O café conilon se encontra praticamente sem estoque no país. As baixas na última safra, de quase 31%, além do volume expressivo de conilon que saiu do Brasil, que não é tradicionalmente exportador deste tipo de café, fez com que muito pouco produto estivesse disponível no mercado.
Em curto prazo, "não há perspectiva de melhora dessa oferta", como aponta o pesquisador. A próxima safra começa a se desenvolver, mas já em um cenário um pouco conturbado, já que o clima não tem ajudado. Com a incerteza do ano que vem, já que já são dois anos de sérios problemas climáticos, o que faz com que as lavouras não estejam em condições ideais, "o quadro é um pouco complexo", completa.
Uma vez que a oferta também é baixa, este preço não está sendo recebido pelos produtores e é possível que muitos não consigam "fechar as contas para as próxima safra". Algumas regiões chegaram a proibir a irrigação do conilon. Mesmo tendo possibilidade de colher, alguns não conseguiram. "Os preços bons vão refletir apenas pra quem tem café guardado", destaca.
Além disso, para não repassar os preços ao consumidor final, muitas torrefadoras estão investindo em mais quantidade de café tipo rio em seus blends. O café rio está sendo negociado a cerca de R$450, um patamar de preços bem significativo, uma vez que, tradicionalmente, essa diferença costuma ser maior que R$100.