Maior florada dos últimos 10 anos produzirá menos café em 2017

Publicado em 17/10/2016 11:11
As flores apareceram por falta de folhas nos ramos. Quebra será acima de 20%

Embora visualmente a florada da safra comercial 2017/18 de café arábica mostre cafezais embranquecidos em todo o cinturão produtivo brasileiro, a realidade de produção deve ser outra.

Após as recentes chuvas cerca de 80% das lavouras - segundo levantamento da Fundação Procafé - receberam a florada, que muito se semelha, em volume, do ano safra 2007/2008. A produção por outro lado, deve cair 20% na temporada.

Conforme explica o jornalista, João Batista Olivi direto de São Pedro da União (MG), em consequência da seca prolongada muitas folhas caíram dando lugar, posteriormente, as flores.

Nessas condições "os pés de café entendem [após um longo período de estresse] que precisam se perpetuar para manter a espécie, por isso se enchem de flores", acrescenta o cafeicultor da região, Fernando Barbosa.

Por conta de deficiência nutricional e o elevado percentual de esquelatamento e recepa nesta safra, a expectativa dos produtores é de que grande parte da florada não terão condições de desenvolver o fruto.

"Boa parte dessa folhada não irá vingar justamente pela nutrição que as plantas precisam para dar sequência ao desenvolvimento dos frutos", explica Barbosa.

As precipitações registradas no último final de semana, por exemplo, já ocasionou a "queda de muitas flores", conforme conta Olivi.

Além disso, chuvas no período da florada podem, em determinadas ocasiões, murchar as flores, sendo suscetíveis a fungos e consequentemente menor produção.

Para Barbosa, as regiões de altitude podem ter um rendimento melhor, devido às condições de umidade, mas em geral, "de 100 flores, 50 cairão", estima.

E para completar analistas esperam que a safra 2017 do Brasil seja menor do que a atual safra, [terminada nas últimas semanas], devido ao ciclo bianual natural de produtividade.

Preços

As perspectivas para os preços são mais positivas. Com estoque baixo e a projeção de safra menor, a tendência é de que os preços do café se mantenham firmes.

Vale lembrar que a grande quebra na safra 2015/16 do robusta também poderá favorecer a demanda pelo arábica.

Porém, "com custos de produção elevados precisaríamos que os preços reajustassem de 30% a 40%, mas acho que será difícil chegar nesse patamar", diz Barbosa.

Na Reuters: Cinturão de café do Brasil entra em florada no início da safra 2017

SÃO PAULO (Reuters) - O Centro de Comércio do Café do Estado de Minas Gerais (CCCMG), uma das principais bolsas de café físico do Brasil, reportou nesta sexta-feira que os pés do principal exportador da commodity entraram em ampla florada após as chuvas recentes, nos primeiros sinais da safra 2017 que se aproxima após diversos anos de seca.

O CCCMG, localizado na cidade de Varginha, no sul de Minas Gerais, Estado que responde por metade da produção anual de café do Brasil, publicou fotografias dos pés com flores enviadas por produtores das principais regiões produtoras do país.

Os pés chegaram a mostrar uma florada limitada no fim de agosto, mas analistas tinham dúvidas sobre a viabilidade da fruta que seria produzida por uma florada tão precoce.

A atual florada no cinturão produtor de café é considerada a primeira grande florada do que geralmente totaliza duas ou três a cada primavera e que define o tamanho e qualidade da safra do próximo ano.

Analistas esperam que a safra 2017 do Brasil será menor do que a atual safra, que terminou nas últimas semanas, devido ao ciclo bianual natural de produtividade dos pés de café, no qual grandes e pequenas colheitas alternam-se a cada ano.

Contudo, uma série positiva de floradas seguidas por chuvas regulares poderia ajudar a minimizar a pressão baixista que a próxima safra deve exercer sobre a produção, segundo analistas como Gil Barabach, da Safras & Mercado.

"Ainda é cedo demais para dizer quão grande será a próxima safra", disse ele, acrescentando que se as chuvas permanecerem favoráveis, a produção da próxima safra pode ser surpreendemente grande para um ano fraco do ciclo.

O preço do café também está atrativo o bastante para produtores investirem em fertilizantes, pesticidas e outras tecnologias para impulsionar a produtividade.

As atuais chuvas estão certamente ajudando a primeira onda de florada.

Chuvas amplas têm caído sobre o cinturão de café com regularidade no início da primavera no Hemisfério Sul. As chuvas podem ser instáveis nessa época do ano e tipicamente só se intensificam a partir de novembro, até fevereiro.

(Por Reese Ewing)

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Por: João Batista Olivi e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas + Reuters

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