Na Zona da Mata em MG a colheita inicia com boas perspectivas em locais mais frios e encerra com quebra de até 40% em áreas mais quentes
Na Zona da Mata em MG a colheita do café segue com melhores perspectivas para os lugares mais frios, já os locais mais quentes - nas regiões que aproximam do estado da Bahia a colheita encerrou com quebra na produção por volta de 40%.
Para Admar Rodrigues Soares, presidente da Câmara do Café da Mata de Minas, as realidades são diferentes. “Nossa região se divide em duas partes, a região mais fria, ligada ao estado do Espírito Santo e a outra parte que faz divisa com Salvador, BA. Devido à estiagem desde 2013, a plantação de café seguiu de forma desregulada e neste ano percebemos a diferença entre as duas regiões”.
Diante desse cenário, a região mais quente teve queda de produção. O presidente explica que a pequena propriedade do vice-presidente da Câmara, sofreu queda de 50%. “As terras dele tem um potencial de colher em média, 3.500 sacas de café por ano e segundo ele, deve colher praticamente 1.700 sacas de café nesta safra”.
Com isso, quem preparou o café na primeira semana de colheita e buscou mercado, teve uma surpresa com o café bebida. “O café que custaria R$ 470,00 a saca, foi para R$ 390,00 a 405,00, devido à quantidade de casca ocasionada pela falta de chuva no momento certo”, esclarece o presidente.
Já na região mais fria, o café não atinge as expectativas, segundo dados da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento. Porém, a quebra segue menor que nas regiões quentes de Minas.
“A Conab está confirmando o que prevemos em janeiro. As regiões mais frias é que vão sustentar a produção e consequentemente um fortalecimento maior aos produtores. O grão está maior, mas não totalmente livre, alguns estão comprometidos também”, afirma Soares.
Entretanto, existem alguns produtores que estão preparando o café com o tratamento biológico. “Todo tratamento mais natural pede uma quantidade maior de água na hora de aplicar na folhagem e no solo. Esses proprietários que estão nessa linha, mesmo na região quente, sofreram menos com a queda da produção e qualidade. Agora os cafeicultores que estão preparando o café na base tradicional - com fertilizantes, vão sofrer um impacto maior tanto na qualidade quanto na produtividade”, ressalta o presidente.
Segundo ele, a expectativa para essa safra é de 3 milhões a 4 milhões de sacas de café, número bastante distinto do último levantamento da Conab, que previa uma produção em torno de 6 milhões de sacas.
Além disso, os valores seguem também abaixo do esperado para a região. Soares conta que o produtor está pagando para produzir.
“Estamos fazendo um trabalho de conscientização em parceria com vários sindicatos e empresas particulares, a fim de que o cafeicultor busque mais qualidade. O café bebida está hoje em torno de R$ 400,00 a saca. Sempre defendi, juntamente com o Ministério da Agricultura, fazer um roteiro diferente para o café da montanha, na expectativa de melhores remunerações”, conclui o presidente.