Pleito da Farsul, que organiza demandas reais dos produtores gaúchos, não deverá ser atendido por MP do Governo

Publicado em 24/07/2024 10:51 e atualizado em 24/07/2024 12:41
Federação ouviu centenas de produtores, demais setores para, na sequência, pedir a criação de uma nova linha de crédito, com juros de 3%, 15 anos para o pagamento e dois de carência. Mais de 700 ofícios foram entregues ao Governo Federal.
Antônio da Luz

Uma Medida Provisória do Governo Federal está prevista para ser reportada no dia 30 de julho com medidas de amparo ao produtor rural do Rio Grande do Sul afetado pelas enchentes de maio. No entanto, do que já se conhece do texto, quase três meses após a tragédia, é sabido que o pleito da Farsul (Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), não será atendido, embora seja ele o que organiza e atenderia efetivamente as demandas reais do setor. 

"Desde o dia 7 de maio, indo já para 90 dias, entregamos ao Governo Federal um pleito do que se queria. Os produtores rurais, democraticamente, livremente, pegaram nosso pleito e buscaram mais de 200 prefeitos para enviar ofícios para o ministro Carlos Fávaro afirmando que apoiavam o que a Farsul propôs. Foram mais de 700 ofícios enviados ao Ministério da Agricultura", afirma Antônio da Luz, economista chefe da Farsul, em entrevista ao Bom Dia Agronegócio desta quarta-feira (24) no Notícias Agrícolas. 

Da Luz explica que a demanda da federação é simples e foi rapidamente organizada para amparar ao setor, pedindo a criação de uma nova linha de crédito, de longo prazo, com juros de 3% - que é a inflação do Brasil e a meta do CMN (Conselho Monetário Nacional) passada ao Banco Central -, com 15 anos para pagamento e dois de carência. O pleito teve ampla adesão do setor e foi rapidamente enviado ao Governo Federal. 

"Nós não pedimos renegociação de dívida, não pedimos anistia, não pedimos reuniões do governo com os setores. Não. Isso serve só para perder tempo. Nós não pedimos leilão de arroz, e para isso tinha R$ 7,2 bilhões para fazer, para pisar no pescoço dos produtores gaúchos. O que nós pedimos foi essa nova linha e os produtores, com esse crédito, pagam o banco e quem eles devem. Eles quitam as dívidas. Ou vamos tratar os produtores como incapazes?", detalha o economista. 

Até este momento, detalha Da Luz, o agronegócio gaúcho ainda não conta com instrumentos que resolvam os problemas e atendam às necessidades do setor e do que se sabe até o momento do que poderá vir oficialmente com a MP no próximo dia 30, são medidas que não atendem "nem de longe", como explica o economista, as necessidades dos produtores.  "Nós enviamos uma minuta de Medida Provisória ao ministro Fernando Haddad, do que entendemos que seria o necessário, mostrando de onde sairia o dinheiro, entregue pelo presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira. E não fomos intransigentes em nenhum momento, estamos abertos a discutir. Mas, em nenhum momento fomos chamados para discutir. Fomos chamados para discutir leilão de arroz".

Da Luz afirma também que há um esforço grande do Ministério da Agricultura para que alguma medida seja efetivamente divulgada, mas que este esforço esbarra no Ministério da Fazenda. "Hoje já é 24 de julho. Se sair até o dia 30, que é a promessa, uma medida provisória que não atenda, a situação vai ficar bem complicada porque teremos só 15 dias para o vencimento das prorrogações". 

As tentativas da continuidade das negociações pela Farsul junto do Governo Federal continuam. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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