Leilão de arroz: Empresas desconhecidas pelo mercado arremataram maior parte do volume
O primeiro leilão de compra de arroz pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) que aconteceu nesta quinta-feira (6) gerou uma série de questionamentos frente ao resultado da operação e dos agentes envolvidos, segundo o que pôde ser apurado até este momento. Das 300 mil toneladas oferadas, foram arrematadas pouco mais de 263 mil e por apenas quatro empresas, totalmente desconhecidas pelo mercado e sem qualquer ligação com o setor arrozeiro, com a cadeia produtiva, sendo uma delas uma empresa de locação de veículos.
Como explicou o analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, apenas um das empresas, sendo esta de Macapá/AP, respondeu por mais da metade do volume total.
Desta maneira, as operações de empacotamento e distribuição também foram questionadas, uma vez que são operações que precisam ser feitas internamente de acordo com o edital reportado pelo Conab, porém, as empresas que arremataram os lotes não são do setor.
"Obviamente, após esse resultado, a cadeia produtiva seguiu firmemente mantendo sua posição contrária e os próprios parlamentares que, anteriormente já tinham conseguido a suspensação deste leilão, agora entram com novas medidas, até alegando práticas anti-concorrenciais, detalha Oliveira.
Quais serão as origens deste produto ainda é uma incógnita para o mercado. Todavia, o analista explica que os principais países arrozeiros do Mercosul estão vendidos, com sua comercialização já bastante adiantada e sem esta alternativa, resta o continente asiático.
"Porém, sabemos que o continente asiático tem um outro tipo de produto. Um arroz diferente, com tempo de panela diferente e, dependendo do país, uma qualidade muito diferente. Então, o governo traz esse padrão de produto, mas não leva em conta que o continente não possui esse produto a que o brasileiro está acostumado. Assim, as três potenciais origens são a Tailândia, o Vietnã e até Bangladesh sendo citado, visto que a Índia, maior exportador global de arroz, se encontra fora do mercado. Especulações iniciais cogitavam que a China poderia participar pela sua relação mais próxima com o governo, mas a China também não tem condições, se tornaria uma operação muito cara", detalha o especialista.
As últimas semanas foram de pouca liquidez para o mercado brasileiro de arroz, com muitos vendedores relatando que diversos negócios não foram a frente com os agentes aguardando pelo resultado do leilão, com os compradores buscando garantir o produto a valores consideravelmente menores.