Arroba do boi china vai se recuperando ao poucos, mas com frigoríficos ainda em férias coletivas, pecuaristas precisam controlar oferta
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Arroba do boi china vai se recuperando ao poucos, mas com frigoríficos ainda em férias coletivas, pecuaristas precisam controlar oferta
Com a confirmação da reabilitação das exportações para a China e o anúncio de novos frigoríficos habilitados para exportar para a potência asiática, o mercado do boi gordo já começa a sentir os efeitos da retomada das exportações. Mas como será que o mercado está se comportando após essa notícia? Conversamos com André Aguiar, sócio da consultoria Boviplan, para saber sua expectativa e o que está sendo visto no início desta semana.
De acordo com Aguiar, o mercado está bastante interessante, porém, é necessário tomar bastante cuidado, pois algumas plantas ainda estão em férias coletivas, o que pode trazer impactos na demanda por bovinos neste momento. No entanto, ele acredita que a partir do meio de abril, a perspectiva é que todas as plantas voltem a funcionar e com isso, a demanda aumente.
Com a retomada das exportações para a China, já existem preços novos para bois destinados a exportação, e também preços para o mercado interno. Aguiar destaca que a China é um importante comprador de carne bovina brasileira e a retomada das exportações deve ter um impacto positivo no mercado de bovinos do país.
Por outro lado, os frigoríficos que precisam de boi para abate imediato têm escala mais curta, o que pode contribuir para uma recuperação dos preços no curto prazo.
No entanto, é importante lembrar que cada pecuarista trabalha de forma diferente e deve se atentar ao tipo de planta em que está vendendo seus animais. Plantas que trabalham mais com exportação, por exemplo, podem oferecer melhores bonificações para bois bem terminados ou capões, enquanto plantas voltadas para o mercado interno podem preferir animais inteiros.
Outro fator a ser considerado é o período de toque da vacada, que começa a partir de abril e maio. As vacas que não engravidaram durante a estação de monta provavelmente irão para o abate, o que pode gerar uma maior oferta de animais no mercado e impactar nos preços da arroba.
"Com tantas variáveis em jogo, os pecuaristas devem estar atentos às tendências do mercado e buscar se adequar às demandas dos frigoríficos para garantir uma boa venda de seus animais", informou Aguiar ao Notícias Agrícolas.
Além disso, Aguiar destaca que todo ano, a partir de abril e maio, há uma nova entrada de animais para o abate, principalmente para o mercado interno. Ele acredita que para o mercado externo, pode haver novidades a partir do meio de abril, conseguindo recuperar o poder de barganha de aquisição de gado magro, que o recriador engordador teve problemas nos últimos anos.
Para se posicionar nesse mercado, o pecuarista precisa evitar concentrar a oferta nesse momento, vendendo aos poucos e planejando vendas com passada para evitar a estratégia adotada pelos frigoríficos de forçar um deságio no preço da arroba. Aguiar ressalta que é importante ter um planejamento de vendas, especialmente considerando a possibilidade de seca que está por vir.
Portanto, é preciso cautela e estratégia para se posicionar nesse mercado do boi gordo, que apresenta perspectivas de melhora no curto prazo, mas ainda deve enfrentar alguns desafios.