Entenda a diferença entre a suspensão das exportações de carne bovina para China e para Arábia Saudita. Mercado do boi segue sem referência
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Entrevista com Fernando Henrique Iglesias - Analista da Safras & Mercado sobre o Mercado do Boi Gordo
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, destacou que o mercado pecuário segue travado à espera da posição da China sobre as compras de carne bovina. “A China é o maior importador da carne brasileira e tem um peso muito grande no mercado brasileiro. isso tem deixado o mercado muito travado". Isso porque os frigoríficos exportadores ainda não remajaram seus estoques para o mercado interno, aguardando uma volta rápida dos chineses”, comentou. "Mas se a resposta asiática demorar a acontecer e a desova for inevitável, podemos ver os preços da carne despencando".
Os frigoríficos estão testando patamares de preços ao redor de R$ 285,00/@ em São Paulo, mas não conseguiram efetivar negócios neste nível. “Os poucos negócios que acontecem são realizados acima dos R$ 300,00/@. O mercado está bem desorientado com flutuações bem agressivas”, ressaltou.
Algumas indústrias estão pensando em dar férias coletivas até normalizar as operações, pois o volume de animais abatidos recuou. “Com a retração dos abates alguns subprodutos do boi estão começando a ficar em falta na primeira quinzena de setembro”, relatou.
Iglesias explicou que a suspensão das exportações para China está diretamente ligada a um dispositivo no contrato onde o país de vendedor ( no caso o Brasil) suspende as negociações até explicar a ocorrência. No caso da Arábia Saudita, o próprio país pediu a suspensão dos embarques, mesmo depois da OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) declarar os casos de EEB (Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis) atípicas como encerrado, o que na opinião do analista, caberia questionamento junto à OMC (Organização Mundial de Comércio).
Iglesias explica que , por enquanto , as exportações de carne bovina brasileira para todos os países estão suspensas. Nesse momento, a preocupação das grandes indústrias frigoríficas é com a logística e o risco de outros países suspenderem as compras após as cargas serem embarcadas ou chegarem ao destino e serem recusadas. “Se isso acontecer, o frigorífico teria que arcar com mais um custo logístico que está bem elevado nos últimos meses”, disse Iglesias.
As compras da Arábia Saudita não são tão relevantes nas exportações de carne bovina, mas é um grande comprador da carne de frango halal. “De janeiro a julho comprou 38 mil toneladas, o que não é tão expressivo. Porém, isso preocupa já que outros países podem tomar uma atitude parecida ou renegociar os contratos”, comentou.