No Dia Nacional do Pecuarista reunimos um time de peso para analisar a produção brasileira, seus avanços e desafios
Nesta quinta-feira (15), é comemorado o dia de um profissional imprescindível à economia e ao agronegócio brasileiro, o pecuarista. O Notícias Agrícolas conversou com os pecuaristas localizados no Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais em que foi abordado a gestão da propriedade, genética, reprodução, tecnologia, abastecimento interno e exportação.
De acordo com as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os estados do Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais mantiveram os postos de maiores rebanhos bovinos brasileiros e, juntos, foram responsáveis por 35,7% do plantel nacional no levantamento realizado em 2019.
Custos de Produção
O pecuarista e Presidente do grupo Nutritaurus, Paulo Henrique Queiroz, destacou que a estiagem acabou comprometendo parte das lavouras de milho no triângulo mineiro. “A quebra de safra é muito grande, mas conseguimos incluir algumas alternativas na ração do gado de confinamento. Nós utilizamos polpa cítrica, bagaço de cana-de-açúcar e melaço de soja”, informou.
Para evitar aumento nos custos de produção, Queiroz já fechou contratos com empresas que fornecem ingredientes para a ração animal. “Nós conseguimos produzir um volume de silagem que dá para o ano inteiro e já fizemos contrato de polpa cítrica com três grandes indústrias”, destacou.
Já o pecuarista da região de Goiânia/GO, Renato Esperidião, ressaltou que o planejamento é fundamental para passar por períodos em que a reposição e a alimentação pesa no bolso do produtor. “A melhor estratégia é fazer um plano de negócio para evitar que fatores externos, como o dólar, comprometam a rentabilidade do negócio”, afirmou.
Como a pecuária ficou um período com baixa remuneração, muitos pecuaristas optaram por arrendar a terra e liquidar o rebanho no estado do Mato Grosso. “Eu acredito que por muito tempo o mercado do boi vai seguir com preços firmes, pois eu não vejo um crescimento de rebanho no curto prazo. Por outro lado, estamos melhorando a nossa eficiência do rebanho e nos tornando cada vez mais tecnificado”, explicou o pecuarista e Diretor Secretário da Acrimat, Marcos Jacinto.
Investimentos
A pecuária vem se modificando nos últimos dois anos, principalmente no setor de cria. “Com a valorização da arroba e aumento da demanda externa, o pecuarista conseguiu investir em tecnologia na propriedade e estão conseguindo manter a lucratividade sem correr tantos riscos”, disse Jacinto.
O pecuarista da região de Frutal/MG decidiu investir no aumento de animais da recria e na área destinada a produção de silagem. “Eu fiz algumas aquisições de área e vamos passar de 600 hectares plantados com milho para 1.500 hectares neste ano, assim não vamos depender dos preços elevados para o cereal. Além disso, estou comprando bastante bezerro de qualidade para ser destinado a exportação”, salientou Queiroz.
Já na região de Goiânia/GO, Esperidião aponta que o caminho é investir em tecnologia para aumentar a produtividade. “Nós chegamos em um padrão, mas agora precisamos ficar atentos aos detalhes. Nós fizemos algumas aquisições de terra em troca de boi, que estava muita vantajosa, e pensando em ampliar a nossa produção”, informou.
Genética
Jacinto destaca que no melhoramento genético precisam ser avaliados diversos índices para alcançar o objetivo, mas que é necessário que os animais tenham uma alimentação adequada. “A genética ajuda a impulsionar a produtividade, porém necessita de outras atenções na propriedade”, comentou.
O pecuarista de Frutal/MG destaca que acompanha os ganhos da genética através dos dados e no dia-a-dia da propriedade, em alguns casos tem animais que chegam a comer 10% menos. “O desempenho do nelore é muito interessante e acaba pagando a conta. A nossa intenção é buscar um animal que atende as demandas da China e tentar fazer o máximo de recria possível”, destacou.
Já nas propriedades do Renato Esperidião, o melhoramento genético é usado para adaptabilidade do animal a condições climáticas mais secas e terras mais fracas. “Nós estamos preocupados com o cliente que compra o nosso touro e que precisa mantê-lo de forma mais rústica”, ressaltou.
Preços
Diante da oferta restrita de animais, os preços da arroba alcançaram patamares recordes nos últimos anos. O pecuarista do estado de Goiás disse que a arroba não deve ultrapassar o valor dos R$ 350,00/@ neste ano. “Eu acredito que um animal na faixa dos R$ 300,00/@ a R$ 350,00/@ vai nos garantir uma boa rentabilidade e precisamos ter um entendimento de mercado para saber quais fundamentos e fatores que estão influenciando os preços”, explicou.
Na visão do pecuarista do Mato Grosso, os patamares atuais vieram para ficar e que é preciso corrigir as margens de outros elos do setor. “A única forma do pecuarista ter uma rentabilidade melhor é corrigindo a margem do varejo, que é muito elevada no Brasil”, disse Jacinto.
Paulo Queiroz acredita que o câmbio pode influenciar na formação dos preços da arroba. “Caso o dólar tenha uma queda muito expressiva, a margem das indústrias pode ficar negativa e pressionar os valores da arroba. Eu não acredito que vamos vender animais abaixo dos R$ 320,00/@ nesta ano devido a oferta restrita de animais”, concluiu.